Edição Brasília

Três ex-policiais são condenados pela morte de Genivaldo Santos em Sergipe

Justiça Federal determina penas de até 28 anos para os envolvidos em abordagem que resultou em asfixia dentro de viatura.
Polícia Rodoviária Federal
Foto: Polícia Rodoviária Federal

Condenações e contexto do caso

A Justiça Federal em Sergipe condenou três ex-policiais rodoviários federais pela morte de Genivaldo Santos de Jesus, ocorrida em 25 de maio de 2022, durante abordagem na BR-101, em Umbaúba, Sergipe. Genivaldo morreu asfixiado após ser preso na parte traseira de uma viatura, onde foi lançado gás lacrimogêneo. O caso gerou ampla repercussão nacional e levantou debates sobre uso excessivo de força policial.

O ex-policial Paulo Rodolpho Nascimento, responsável por lançar o gás na viatura, foi condenado a 28 anos de reclusão por homicídio triplamente qualificado: asfixia, motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. Os ex-policiais William Barros Noia e Kleber Nascimento Freitas receberam penas de 23 anos, 1 mês e 9 dias, sob a justificativa de que não atuaram com intenção direta de matar.

O julgamento foi realizado em Estância (SE) e durou 12 dias, com conclusão na madrugada deste sábado (7). A decisão foi proferida pelo juiz Rafael Soares Souza, da 7ª Vara Federal.

A abordagem e as circunstâncias

Genivaldo foi parado por estar dirigindo uma motocicleta sem capacete. Apesar de não resistir à abordagem, ele foi imobilizado, algemado e atingido com spray de pimenta. Posteriormente, foi colocado na viatura, onde ficou preso por 11 minutos e 27 segundos enquanto o gás lacrimogêneo era liberado. Laudos da Polícia Federal confirmaram que a vítima morreu por asfixia.

Diagnosticado com esquizofrenia há mais de 20 anos, Genivaldo era aposentado, casado e pai de dois filhos. Ele já havia sido abordado anteriormente pela polícia, em 2016, por questões relacionadas à sua condição de saúde mental.

Repercussões e medidas posteriores

O caso levou o Ministério da Justiça, em agosto de 2023, a demitir os três policiais envolvidos. Além disso, o ministro Flávio Dino determinou a revisão dos procedimentos da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e deu início a testes com câmeras corporais e veiculares, para reforçar a transparência nas abordagens policiais.

No mesmo período, o governo federal anunciou a PEC da Segurança Pública, que propõe transformar a PRF em uma Polícia Ostensiva Federal com atribuições ampliadas. A proposta, que ainda está em análise na Casa Civil, prevê patrulhamento de rodovias, ferrovias e hidrovias, além de apoio emergencial a forças de segurança estaduais.

Impactos na sociedade e debate público

O julgamento e as condenações representam um marco no combate ao uso desproporcional de força por agentes públicos. Para especialistas, o caso reforça a necessidade de transparência e controle sobre ações policiais. A implementação de câmeras corporais é vista como uma medida essencial para prevenir abusos e proteger tanto agentes quanto cidadãos.