Prestes a completar 80 anos no próximo mês de dezembro, Jorge Bodanzky é a memória viva dos anos seminais da Universidade de Brasília (UnB) e da capital. Aliás, seus anos de juventude se confundem tanto com uma quanto com outra.
Um sentimento de nostalgia, saudade e registro histórico presente no seu documentário biográfico Utopia Distopia, exibido na tarde desta quarta-feira (16) no Cine Brasília. A projeção abriu a mostra paralela que homenageia o cineasta no 55º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB).
“Esse filme foi exibido de forma virtual no Festival de Brasília durante a pandemia. Meu sonho era que ele fosse exibido aqui no Cine Brasília, o que acontece agora, então é uma emoção muito grande”, diz o veterano cineasta.
Utopia Distopia é um projeto que acalentava há mais de dez anos e que saiu do papel graças à parceria com o produtor de cinema do DF Bruno Caldas. “Estava em Pirenópolis dando uma palestra e conheci o Bruno, que estava interessado em produzir um projeto sobre Brasília. Foi quando o projeto ganhou vida”, lembra Bodanzky. “Na verdade, o Bodanzky já fazia parte da minha vida desde O Bicho de Sete Cabeças, da Laís, sua filha; esse sobrenome está presente na minha vida há bastante tempo”, afirma Bruno.
É uma homenagem à Universidade de Brasília e aos personagens que orbitaram ao seu redor no início do surgimento do icônico espaço de cultura e saber. Nomes símbolos dos primórdios de Brasília, como Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira, Oscar Niemeyer, Lucio Costa e uma infinidade de professores e alunos, como Maria Coeli, Márcia Neves, Alex Chacon e Bodanzky, que integrou a segunda turma de cinema e fotografia da UnB.
“Na época, eu era um estudante cheio de ideias e pouco confuso”, narra o diretor de fotografia e cineasta, que chegou a Brasília por acaso, depois de desistir de viajar para o Peru. “A UnB surgiu como importante núcleo cultural do país”, continua narrando.
Inegável a importância histórica do filme, com imagens incríveis de uma Brasília que estava nascendo física e intelectualmente. Cenas em preto e branco que são testamento de uma época, endossado por depoimentos cheios de afetos e recordações vivas. Durante o debate, realizado no hall do Cine Brasília, Bodanzky se juntou à esposa Márcia e amigos como Vladimir Carvalho, entre outros, para falar sobre sua carreira, sobre a Amazônia e o Brasil.
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Antes da projeção de Utopia Distopia, uma raridade. A exibição do curta-metragem Brasília em Super 8, que, como o nome indica, traz registros poéticos da cidade pelas lentes de um jovem fascinado pela bela arquitetura do lugar e os horizontes deslumbrantes. Uma cena chama atenção: Bodanzky filmando a cidade com sua Super 8 para fora do carro, beijando o vento do cerrado e passando pelo Buraco do Tatu.
Nesta quinta-feira (17), às 14h, no Cine Brasília, uma sessão imperdível. A projeção do longa Compasso de Espera, único filme dirigido pelo diretor de teatro Antunes Filho, e no qual Bodanzky faz a direção de fotografia. “Talvez seja um dos primeiros filmes sobre a temática negra do país, que traz o ator Zózimo Bulbul como protagonista, hoje homenageado pelo festival com o nome de um prêmio”, frisou Bodanzky. “Foi uma experiência única, estou curioso para rever esse filme”, confidenciou.
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