“As histórias em quadrinhos são uma das linguagens contempladas pelos editais do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) do Distrito Federal, fico feliz que essas publicações do gênero estejam sendo lançadas, mostrando que a Secec está diversificando o acesso à cultura em todos os segmentos”
João Moro, subsecretário de Fomento e Incentivo Cultural
Paixão de muitos adolescentes, histórias em quadrinhos têm ganhado cada vez mais fãs e criadores no Distrito Federal. Uma prova da força do segmento foi a quantidade de estandes dedicados às históricas gráficas na Bienal do Livro deste ano e um espaço voltado exclusivamente ao gênero para conversas, debates e entrevistas. Ao todo, foram nove convidados entre os dias 23 e 29 de outubro.
Pelo menos oito títulos foram lançados com o incentivo da lei de fomento distrital de 2019 para cá, totalizando mais de R$ 340 mil investidos no segmento. “As histórias em quadrinhos são uma das linguagens contempladas pelos editais do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) do Distrito Federal, fico feliz que essas publicações do gênero estejam sendo lançadas, mostrando que a Secec está diversificando o acesso à cultura em todos os segmentos”, explica João Moro, subsecretário de Fomento e Incentivo Cultural (Sufic).
“Temos uma cena de quadrinhos independente em Brasília bastante diversificada, com diferentes temáticas, ambições e referências estéticas”, explica Pedro Brandt, jornalista, fundador do site sobre histórias em quadrinhos Raio Laser e curador da programação dedicada ao gênero da Bienal Internacional do Livro de Brasília (Bilb).
Mas, apesar do prestígio e apelo das publicações, com o passar dos anos, segundo Brandt, a maioria dos artistas envolvidos com arte ainda não têm independência profissional. Daí a relevância e importância de políticas de fomento como o FAC. “Ainda assim, nos últimos 10 anos, foi possível perceber um aumento não só na quantidade, como na qualidade da produção de quadrinhos locais”, pontua o especialista.
Lucas Marques é autor de títulos como Ciça, A Menina-Saci, Cesariana, All the things we don’t say e Ritos de Passagem – Quando Éramos Irmãos, obra finalista do Prêmio Jabuti 2021, respeitada honraria literária do país. Todos financiados pelo FAC. Alguns deles com lançamento em algumas edições da CCXP, a Comic Con Experience, franquia do principal evento de quadrinhos e cultura pop do mundo, realizada anualmente em São Paulo. Talento, diga-se de passagem, reconhecido internacionalmente no 13th Japan International Manga Award. A HQ foi realizada com recursos do incentivo cultural.
“Para mim, a ajuda do FAC sempre me apresentou a possibilidade de fazer os meus projetos acontecer, de colocar eles aí à disposição do público de realizar essa grande vontade que tinha de publicar os meus livros, ir para eventos fazer contato e apresentar para o público”, agradece Lucas Marques. “O Fundo de Apoio à Cultura foi o meio que me permitiu realizar esse sonho, sem esse suporte não teria sido viável fazer quadrinhos até esse momento, foi algo assim fundamental para eu produzir minhas coisas, me possibilitar essas chances”, destaca ainda.
Formado em cinema e TV, Gustavo Fontele Dourado é outro artista da cidade que tem feito dos quadrinhos uma fonte de renda e prazer. Atuando basicamente na produção-executiva da maioria das realizações da cidade e também na parte de edição. Agora quer arriscar como autor, criando suas próprias histórias. Assim como o parceiro de HQ, Lucas Marques, acha o apoio do FAC decisivo para o fortalecimento do segmento. “A maioria desses projetos que tenho trabalhado vem com recursos oficiais, é um instrumento muito importante, que ele continue a existir”, elogia.
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Para o jornalista e especialista em HQs, Pedro Brandt, o reconhecimento de trabalhos de autores locais em festivais, eventos e portais do gênero como o Prêmio Geek, Jabuti, site Omelete e Editora Pipoca & Nanquim potencializa ainda mais a importância do FAC para o gênero no DF. Sobretudo na cena independente que fazem da autopublicação dos seus trabalhos uma forma também de circulação entre o público entusiasta do gênero.
“Nesse sentido, o FAC é um instrumento importantíssimo que possibilita para os autores um investimento para essas publicações”, observa. “Isso faz com que os autores tenham um produto com uma qualidade muito boa por um preço acessível para o consumidor final, possibilitando alcançar mais pessoas”, finaliza.
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