O Hospital Regional da Asa Norte (Hran) fez o primeiro transplante de pele em 2022. O paciente é um bebê de 11 meses que teve 40% do corpo queimado após um acidente doméstico. A cirurgia durou cerca de duas horas e a criança se recupera bem.
Para a realização do procedimento, foram transplantados cerca de 900 cm² de pele. O Hran, que conta com uma unidade de queimados, é referência no atendimento aos pacientes com queimaduras no Distrito Federal.
O hospital, que está em processo de credenciamento como unidade realizadora de transplantes de pele, faz este tipo de procedimento com autorização emergencial junto ao Ministério da Saúde. Uma vez liberado, a equipe de transplante de pele do Hran envia o pedido ao Banco de Tecidos, que fornecerá o órgão.
“Não tivemos nenhum óbito de transplantados até hoje. O Ministério da Saúde patrocinou um curso de capacitação em transplante de pele no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) para a equipe da Unidade de Queimados do Hran. Três cirurgiões já fizeram o curso”
Fernando Pontes, médico responsável técnico pela equipe de Transplante de Pele
Atualmente, o Brasil possui cinco bancos de pele, em Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Curitiba (PR) e Ribeirão Preto (SP), que fornecem pele para todo o país. “No caso dessa criança transplantada em 2022, o pedido de pele foi ao Banco de Tecidos do Rio de Janeiro. Fizemos a solicitação na terça-feira pela manhã e recebemos a pele na quarta-feira à noite”, afirma Fernando Pontes, médico pela Unidade de Queimados do Hran e responsável técnico da equipe de transplante de pele.
Procedimentos
O transplante de pele já é uma realidade no Hran. O primeiro ocorreu em meados de 2018. Em 2021 foram realizados três, todos de grandes áreas queimadas e com risco de morte. Os pacientes transplantados eram crianças, sendo elas de 3, 5 e 11 anos, respectivamente.
“Não tivemos nenhum óbito de transplantados até hoje. O Ministério da Saúde patrocinou um curso de capacitação em transplante de pele no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) para a equipe da Unidade de Queimados do Hran. Três cirurgiões já fizeram o curso”, lembra o médico Fernando Pontes, que participou da primeira turma.
De acordo com o médico, o Hran já recebeu uma visita técnica do Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde. No entanto, o MS está fazendo uma modificação na legislação e interrompeu todos os credenciamentos. Por conta disso, o hospital aguarda a publicação da nova portaria para finalizar o credenciamento.
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Os transplantes de pele são todos considerados cirurgias de urgência e não existe fila para esse procedimento. Fernando informa que a portaria antiga do ministério estipula que o transplante seja realizado em pacientes com 40% de superfície corporal queimada. “Mas temos feito também em casos com superfície corporal queimada um pouco menor, porém grave, e em que o paciente pode se beneficiar do transplante”, explica.
Segundo o responsável técnico da equipe de transplante de pele do Hran, não existem problemas de compatibilidade nos transplantes de pele. A cor da pele depende da etnia do doador. Entretanto, não vai fazer diferença porque a epiderme, que é a camada que dá cor à pele, não é íntegra no organismo. Apenas a derme é que se integra parcialmente no receptor.
*Com informações da Secretaria de Saúde do DF
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