No dia 19 de junho, o notável compositor e escritor Chico Buarque de Hollanda celebrou seu 81º aniversário. Para celebrar a data, o programa “Roda de Samba”, da Rádio Nacional, entrevistou a jornalista e mestre em Literatura Brasileira, Márcia Fernandes. A entrevista, que foi ao ar no domingo, 22 de junho, às 12h, analisou a vasta e impactante obra do artista.
A Luz de Chico Buarque sobre os Marginalizados
Segundo Márcia Fernandes, a obra de Chico Buarque, tanto em sua produção musical quanto literária, ilumina a experiência dos marginalizados. Em suas palavras, o artista constantemente deu voz aos esquecidos e silenciados pela sociedade. A jornalista cita como exemplo o romance de estreia de Buarque, “Estorvo” (1991), onde o protagonista se sente um “incômodo caminhando na multidão”, uma sensação semelhante àquela evocada na canção “Construção” (1971), que retrata a trágica morte de um operário.
Além disso, Fernandes, que também atua como repórter de “A Voz do Brasil” e do “Canal Gov”, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), observa que a figura do “eu lírico” em Chico Buarque, seja em sambas como “Até o Fim” (1978) ou em obras como “Budapeste” (2003), frequentemente se apresenta como um personagem alheio e inadequado à realidade vigente. Essa percepção de estranhamento, segundo a especialista, permeia toda sua trajetória artística.
Coincidências e Temas Recorrentes na Obra de Chico Buarque
Em sua análise, Márcia Fernandes destaca a recorrência de temas e personagens em diferentes fases da produção de Chico Buarque. Ela aponta, por exemplo, as semelhanças entre os personagens idosos presentes no romance “Leite Derramado” (2009) e na canção “O Velho Francisco” (1987). Posteriormente, a jornalista ressalta a denúncia da violência como um elemento constante, presente tanto em letras como “Meu Guri” (1981) quanto nos contos de “Anos de Chumbo” (2021).
Ainda, a pesquisadora conecta a obra literária de Chico Buarque à pós-modernidade, um tema central de sua dissertação de mestrado. Nesse estudo, ela estabelece um diálogo entre a obra do compositor brasileiro e autores internacionais de renome, como o tcheco Franz Kafka (1883-1924), os argentinos Jorge Luis Borges (1889-1986) e Julio Cortázar (1914-1984), e o português José Saramago (1922-2010). Essa comparação ilustra a abrangência e a relevância internacional da obra de Buarque.
Uma Trajetória Marcada por Sucesso e Influência Cultural
A vasta produção artística de Chico Buarque é impressionante. Ao longo de seus 60 anos de carreira, ele compôs cerca de 540 canções, com mais de 1.300 gravações em 50 discos, incluindo trabalhos solo e em parceria. Além da música, sua contribuição para as artes cênicas, com quatro peças de teatro, uma novela, um livro de contos e seis romances, reforça seu legado multifacetado.
Em conclusão, a entrevista de Márcia Fernandes no programa “Roda de Samba” oferece uma rica perspectiva sobre a obra de Chico Buarque, destacando a relevância de sua produção artística para a compreensão da sociedade brasileira e sua capacidade de dar voz aos marginalizados. O programa, que vai ao ar todos os domingos ao meio-dia pela Rádio Nacional, oferece um espaço para a discussão do universo musical e cultural brasileiro, permitindo que o público se conecte com a riqueza da nossa produção artística. Edições anteriores podem ser acessadas online através do site das rádios da EBC.
Serviço
O programa “Roda de Samba” vai ao ar todos os domingos ao meio-dia nas seguintes emissoras da Rádio Nacional: Amazônia (OC 11.780 kHz e 6.180 kHz), Brasília (AM 980 KHz e FM 96,1 MHz), Foz do Iguaçu (FM 90,1 MHz), Recife (FM 87,1 MHz), Rio de Janeiro (AM 1.130 KHz e FM 87,1 MHz), São Luís (FM 93,7 MHz), São Paulo (FM 87,1 MHz) e Alto Solimões (FM 96,1 MHz).
