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R$ 360 milhões resgatados: brasileiros buscam valores esquecidos no BC

R$ 360 milhões resgatados em abril do sistema de valores esquecidos do BC! Ainda há bilhões disponíveis para saque; saiba como consultar e resgatar seu dinheiro.
Valores esquecidos Banco Central
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Em abril de 2025, brasileiros resgataram R$ 360 milhões em valores esquecidos no sistema financeiro, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) em 10 de maio. Este montante representa mais um capítulo na história de sucesso do Sistema de Valores a Receber (SVR), que já devolveu um total impressionante de R$ 10,38 bilhões aos clientes bancários desde seu lançamento. Apesar disso, ainda restam bilhões disponíveis para saque: aproximadamente R$ 9,74 bilhões aguardam seus legítimos donos.

O Sistema de Valores a Receber (SVR): Uma porta para recursos esquecidos

Criado pelo BC, o SVR ([https://valoresareceber.bcb.gov.br/](link substituído por texto para atender as restrições)) permite que cidadãos, empresas e representantes de pessoas falecidas consultem a existência de valores esquecidos em bancos, consórcios e outras instituições financeiras. A consulta é totalmente gratuita e simples: basta informar o CPF e data de nascimento para pessoas físicas, ou o CNPJ e data de abertura para empresas, mesmo as já encerradas. Não é necessário nenhum tipo de login para acessar essa informação.

Entretanto, para o resgate dos valores, é necessária uma conta Gov.br nos níveis prata ou ouro, com verificação em duas etapas habilitada. O processo de recuperação dos recursos pode ser feito de duas maneiras: diretamente com a instituição responsável pelo valor, ou por meio do próprio SVR. No caso de valores pertencentes a pessoas falecidas ou empresas encerradas, o herdeiro, testamentário, inventariante ou representante legal precisa acessar o SVR com sua conta Gov.br e assinar um termo de responsabilidade.

Novas funcionalidades e facilidade de resgate

Em maio de 2025, o Banco Central lançou uma nova funcionalidade no sistema: a solicitação automática de resgate. Com essa atualização, os cidadãos não precisam mais consultar o sistema periodicamente nem solicitar manualmente o resgate de cada valor encontrado. Caso haja recursos disponíveis, o crédito é feito diretamente na conta do cidadão. Vale ressaltar que essa funcionalidade é exclusiva para pessoas físicas com chave Pix do tipo CPF, e a adesão é facultativa.

Além disso, o SVR abrange uma variedade de recursos financeiros, incluindo valores em contas-corrente ou poupança encerradas; cotas de capital e rateio de sobras líquidas de ex-participantes de cooperativas de crédito; recursos não procurados de grupos de consórcio encerrados; tarifas cobradas indevidamente; parcelas ou despesas de operações de crédito cobradas indevidamente; contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas; contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas; e outros recursos disponíveis para devolução pelas instituições financeiras.

Números impressionantes e a realidade dos valores

As estatísticas do SVR, divulgadas com dois meses de defasagem, revelam números consideráveis. Até o fim de abril de 2025, 30.623.196 correntistas haviam resgatado valores, sendo 27.854.371 pessoas físicas e 2.768.825 pessoas jurídicas. Por outro lado, um número significativo de beneficiários ainda não resgatou seus recursos: 51.717.336, dos quais 47.428.003 são pessoas físicas e 4.289.333, pessoas jurídicas.

É importante destacar que a maioria dos valores a receber é de pequeno porte. Valores de até R$ 10 concentram 63,83% dos beneficiários; valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 24,21%; quantias entre R$ 100,01 e R$ 1 mil representam 10,11%; e apenas 1,85% dos beneficiários têm direito a receber mais de R$ 1 mil. Portanto, mesmo pequenas quantias podem representar um ganho significativo para muitos cidadãos.

Alerta contra golpes e segurança do sistema

Finalmente, o Banco Central alerta para a proliferação de golpes relacionados ao SVR. Estelionatários tentam se passar por intermediários, prometendo auxiliar no resgate de valores esquecidos em troca de taxas ou informações. Em contrapartida, o BC reforça que todos os serviços do SVR são totalmente gratuitos e que o órgão nunca envia links ou entra em contato para tratar sobre valores a receber ou confirmar dados pessoais. Somente a instituição financeira listada na consulta do SVR pode contatar o cidadão diretamente. A recomendação é clara: não forneça senhas e desconfie de qualquer solicitação suspeita.