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MPRJ investiga operação policial em festa junina com morte

MPRJ investiga morte em operação policial durante festa junina no Rio. Após operação do BOPE que resultou em um morto e cinco feridos em festa junina no Catete, o MPRJ abriu inquérito para apurar a ação policial, que segundo o procurador-geral, não seguiu os procedimentos adequados.
Morte em operação policial festa junina
Foto: vozdascomunidades/Instagram

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) abriu uma investigação sobre a ação policial que resultou na morte de um homem e ferimentos em outras cinco pessoas durante uma festa junina na comunidade Santo Amaro, no Catete, no último sábado (7).

Investigação do MPRJ após operação fatal

Na segunda-feira (9), o MPRJ instaurou um procedimento investigatório criminal (PIC) para apurar os fatos. A operação, conduzida pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar, teve como resultado a morte de Herus Guimarães Mendes. Imediatamente após o ocorrido, o procurador-geral de Justiça, Antonio José Campos Moreira, determinou a abertura de uma investigação independente, paralela às apurações da Polícia Militar e da Polícia Civil.

Para garantir a isenção da perícia, um perito e três técnicos periciais do MPRJ estiveram no Instituto Médico Legal (IML) para realizar uma análise independente do corpo da vítima, utilizando tecnologia de scanner digital de ponta. Essa ação demonstra o comprometimento do MPRJ em esclarecer as circunstâncias da morte de Herus Guimarães Mendes.

Procurador-Geral questiona a operação

Segundo o procurador-geral, Antonio José Campos Moreira, a operação, supostamente destinada a impedir a entrada de traficantes na comunidade, não seguiu os protocolos adequados. Em suas declarações, Moreira afirmou que a ação policial não apresentou as cautelas necessárias, levantando a possibilidade de outras motivações para a intervenção. Ele destacou a incongruência da operação em uma festa junina pacífica com centenas de pessoas presentes, afirmando que tal ação contradiz os procedimentos padrões da Polícia Militar, fato reconhecido pela própria corporação. “Ou, então, há outra motivação até então ignorada, mas que precisa ser elucidada”, declarou Moreira, enfatizando a necessidade de investigação para apurar as reais razões por trás da operação policial.

Ações do MPRJ e da Polícia Militar

O MPRJ aguarda o envio das imagens das câmeras corporais dos policiais militares presentes na comunidade para auxiliar na investigação. Adicionalmente, o secretário de Polícia Militar do Estado, coronel Marcelo de Menezes Nogueira, se reuniu com o procurador-geral na terça-feira (10), acompanhado da Corregedoria da corporação e outros representantes. Nesse encontro, o secretário entregou ao MPRJ os dados e o relatório da operação policial. Concomitantemente, o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, determinou o afastamento dos responsáveis pela autorização da operação, demonstrando uma resposta imediata aos eventos.

Indignação e protestos

Vídeos amplamente divulgados nas redes sociais geraram grande indignação pública. As imagens mostram moradores se divertindo na festa junina até que o som dos disparos interrompe a celebração, causando pânico e fuga entre os presentes. Como consequência, moradores da comunidade Santo Amaro realizaram um protesto no sábado (7), onde manifestaram sua revolta e pedindo justiça para Herus. Cartazes com a frase “Justiça para Herus. Favelado não é bandido” foram exibidos pelos manifestantes.

Além disso, adolescentes que participaram da apresentação de quadrilhas durante a festa mostraram suas roupas manchadas de sangue, um símbolo impactante do ocorrido. Membros da comunidade religiosa também se uniram ao protesto, realizando uma roda de oração em busca de paz e proteção para a população local. Os protestos demonstram a profunda comoção e a busca por justiça e esclarecimentos por parte da comunidade atingida pela tragédia.

Conclusão

Em conclusão, a investigação do MPRJ sobre a operação policial na festa junina no Catete é crucial para determinar a responsabilidade pelos eventos e garantir justiça para a vítima e sua família. A repercussão do caso, marcada por protestos e indignação pública, destaca a necessidade de transparência e apuração rigorosa das circunstâncias da morte de Herus Guimarães Mendes e os ferimentos de outras cinco pessoas. A expectativa é de que as investigações esclareçam completamente o ocorrido e promovam mudanças que impeçam tragédias semelhantes no futuro.