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Moraes pede sessão extra no STF para votar condenação de Bolsonaro

Moraes pede sessão extra no STF para votar a condenação de Bolsonaro e mais sete aliados na próxima quinta-feira (11), no julgamento da trama golpista.
Condenação Bolsonaro STF
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), solicitou formalmente uma sessão extra da Primeira Turma da Corte para a próxima quinta-feira, 11 de setembro. O pedido, feito na sexta-feira anterior, dia 5, visa acelerar o julgamento do chamado “núcleo 1 da trama golpista”, que engloba o ex-presidente Jair Bolsonaro e um conjunto de sete aliados. Esta medida judicial é um passo crucial para a definição do futuro dos envolvidos neste complexo processo.

A solicitação foi endereçada ao ministro Cristiano Zanin, presidente do colegiado, com o intuito de adicionar um dia de trabalho ao calendário já previsto. Anteriormente, as sessões da Primeira Turma estavam agendadas apenas para os dias 9, 10 e 12 de setembro. Portanto, a inclusão do dia 11 demonstra uma urgência em prosseguir com a deliberação, dado o volume e a gravidade das acusações que cercam o caso.

Andamento do Julgamento e Provas Iniciais

O julgamento desta fase da trama golpista teve início no decorrer desta semana, quando as defesas do ex-presidente e dos demais réus apresentaram suas argumentações. Posteriormente, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também se manifestou, posicionando-se favoravelmente à condenação de todos os acusados. A partir de terça-feira, 9 de setembro, o colegiado iniciará a etapa de votação, um momento decisivo que poderá culminar em sentenças superiores a 30 anos de prisão para os envolvidos, dependendo da avaliação dos fatos.

As acusações que pesam sobre os réus são de extrema gravidade. Primeiramente, destaca-se a suposta participação na elaboração do “Plano Punhal Verde e Amarelo”. Este plano, segundo as investigações, visava o sequestro ou até mesmo o homicídio de figuras-chave do cenário político brasileiro, incluindo o próprio ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente Geraldo Alckmin. Tal articulação delineia um cenário de intenções golpistas profundas e premeditadas.

Além disso, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) menciona a produção da conhecida “minuta do golpe”. Este documento, que teria sido de conhecimento de Jair Bolsonaro, serviria como base para a decretação de medidas de estado de defesa e de sítio no país. O objetivo central seria reverter o resultado das eleições de 2022 e impedir a posse do presidente eleito, Lula. Dessa forma, configuraria uma tentativa clara de subverter a ordem democrática e constitucional.

Por conseguinte, a denúncia não se restringe apenas a planos pré-eleitorais, mas também aborda o suposto envolvimento dos acusados com os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Eventos que resultaram na depredação de prédios públicos e ameaçaram seriamente as instituições democráticas nacionais. Em síntese, o conjunto de evidências aponta para uma complexa rede de ações destinadas a desestabilizar o Estado e seus poderes constituídos.

Crimes Imputados e Possíveis Sanções

Os acusados no âmbito deste processo enfrentam imputações criminais sérias e múltiplas, refletindo a gravidade dos atos investigados. Entre os crimes listados, estão a formação de organização criminosa armada, a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e o golpe de Estado. Ademais, são acusados de dano qualificado pela violência e grave ameaça, bem como de deterioração de patrimônio tombado, evidenciando uma violação direta dos pilares democráticos e do patrimônio público.

Em caso de condenação, as penas combinadas por esses crimes podem alcançar e até mesmo ultrapassar 30 anos de prisão. Portanto, o desfecho deste julgamento terá repercussões significativas na vida dos réus e na jurisprudência brasileira, estabelecendo um importante precedente para a defesa da democracia. As sentenças serão aplicadas individualmente, considerando a participação de cada um nos eventos e planos detalhados na denúncia.

A Situação Jurídica Específica de Alexandre Ramagem

Contudo, há uma particularidade processual no caso do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal, Alexandre Ramagem. Devido à sua condição de parlamentar, ele foi beneficiado com a suspensão de parte das acusações. Consequentemente, Ramagem responde a somente três dos cinco crimes inicialmente imputados, uma prerrogativa prevista na Constituição Federal para determinadas situações relacionadas ao foro privilegiado ou prerrogativas do cargo.

Especificamente, a suspensão incide sobre os crimes de dano qualificado pela violência e grave ameaça, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima, e deterioração de patrimônio tombado. Estes delitos estão diretamente relacionados aos atos golpistas de 8 de janeiro. Assim sendo, sua situação legal distingue-se dos demais réus, embora ele permaneça como parte fundamental no processo sobre a trama golpista.

Os Oito Réus no Banco dos Acusados

O “núcleo 1 da trama golpista” que está sob julgamento na Primeira Turma do STF é composto por oito indivíduos cujas posições no cenário político e militar eram de destaque. A lista inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, apontado como figura central nas articulações. Em seguida, temos Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, cuja situação jurídica específica foi detalhada anteriormente.

Além deles, figuram na relação o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, e Anderson Torres, que ocupou os cargos de ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal. A lista prossegue com Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Paulo Sérgio Nogueira, que foi ex-ministro da Defesa no governo anterior.

Por fim, integram também o grupo Walter Braga Netto, ex-ministro de Bolsonaro e seu candidato a vice na chapa presidencial de 2022, e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente. Este elenco de nomes, muitos dos quais ocuparam posições estratégicas no governo, ressalta a amplitude e a gravidade da suposta articulação golpista que agora se encontra sob o crivo do Supremo Tribunal Federal.

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