Edição Brasília

Controladores de voo: a profissão que exige atenção e raciocínio rápido

Trabalho intenso garante segurança dos voos e conta com um número crescente de mulheres
Avião
Foto: dae jeung kim / Pixabay

A profissão de controlador de voo é uma das mais desafiadoras do mundo, exigindo raciocínio rápido, atenção extrema e conhecimento técnico. Esses profissionais são responsáveis por garantir a segurança das aeronaves, organizando o tráfego aéreo durante decolagens, voos e pousos.

No Brasil, o controle do espaço aéreo é gerenciado pela Força Aérea Brasileira (FAB), com o trabalho de 4.486 militares e 145 civis. A rotina é intensa e envolve monitoramento constante, já que qualquer falha pode ter consequências graves.

O g1 visitou o Centro de Controle de Área (ACC Brasília), que administra um terço do tráfego aéreo nacional e conversou com controladores sobre os desafios e a evolução da profissão.

A rotina no controle de tráfego aéreo

O ACC Brasília controla entre 1.850 e 2.100 aeronaves por dia, cobrindo uma área que inclui o Distrito Federal e partes de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Minas Gerais, Bahia e São Paulo.

Para lidar com essa demanda, o centro opera em três turnos diários, nos quais cada controlador trabalha entre 7h30 e 9h seguidas, com intervalos de 30 minutos a cada duas horas.

Cada turno conta com cerca de 40 profissionais, sendo que cada controlador pode monitorar até 14 aeronaves simultaneamente, dependendo da complexidade do setor.

Segundo o tenente-coronel Edvaldo Natal Tonetti, chefe do Centro Operacional Integrado (COI) do CINDACTA I, os principais requisitos para exercer a profissão incluem:

Planejamento eficiente para coordenar diferentes aeronaves no espaço aéreo.
Atenção difusa para monitorar múltiplas situações ao mesmo tempo.
Raciocínio rápido para tomar decisões seguras sob pressão.
Conhecimento técnico das normas da aviação.

História da profissão no Brasil

Os primeiros controladores de voo brasileiros foram treinados nos anos 1940, quando a aviação comercial começou a crescer. Em 1942, foi criada a Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) para formar profissionais na área.

No ano seguinte, o então presidente Getúlio Vargas autorizou a criação da Escola Técnica de Aviação (EVAv), em São Paulo, para complementar essa formação.

Atualmente, para se tornar controlador de tráfego aéreo, é necessário ingressar na Força Aérea Brasileira e passar por um dos seguintes cursos:

Curso de Formação de Sargento – Especialista em Controle de Tráfego Aéreo (CFS-BCT) na EEAR.
Curso de Controlador de Tráfego Aéreo (ATM-005) no Instituto de Controle do Espaço Aéreo.

Os candidatos devem ter entre 17 e 24 anos, ser brasileiros, não possuir antecedentes criminais e ingressam na FAB como Terceiro-Sargento, com salário inicial de R$ 4 mil.

O crescimento das mulheres na profissão

A presença feminina no controle de tráfego aéreo tem aumentado. Atualmente, mais de 50% dos controladores são mulheres.

A sargento Gabriela Maicá Rodrigues, que atua no ACC Brasília, incentiva jovens que sonham em seguir essa carreira.

“Vale muito a pena estudar e seguir essa profissão. Nós somos reconhecidas e valorizadas aqui dentro. É uma carreira gratificante.”

A primeira turma de mulheres militares ingressou na FAB em 2002, na turma Império Azul. Desde então, o número de mulheres no setor cresceu significativamente, trazendo mais diversidade ao controle do tráfego aéreo.

Conclusão

A profissão de controlador de voo exige concentração, agilidade e precisão, sendo fundamental para a segurança da aviação. Com turnos intensos e decisões críticas, esses profissionais garantem que milhares de voos ocorram diariamente sem incidentes.

Além disso, a presença feminina na profissão tem crescido, tornando o setor mais diversificado e inclusivo. Com oportunidades de formação e salários atrativos, essa carreira continua sendo essencial para o funcionamento do transporte aéreo no Brasil e no mundo.