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Cientistas desenvolvem som direcionado que faz “curvas” e só é ouvido em pontos específicos

Nova tecnologia usa ultrassom e metassuperfícies para criar enclaves de áudio, permitindo conversas e sons direcionados sem fones e sem ruído ao redor
Ouvindo
Foto: Freepik

Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, desenvolveram uma técnica inovadora que permite transmitir som de forma direcionada, audível apenas em locais específicos. A tecnologia utiliza feixes de ultrassom que “fazem curvas” e se tornam sons audíveis somente quando atingem o ponto exato desejado.

Essa descoberta pode transformar a forma como lidamos com o som no dia a dia, desde experiências em museus até conversas privadas em espaços públicos. Os pesquisadores chamam essas zonas de “enclaves de áudio”, regiões restritas onde o som é gerado sem a necessidade de fones de ouvido ou caixas de som tradicionais.

Como funciona o som invisível e curvado

O som, por natureza, tende a se espalhar, principalmente em baixas frequências. Isso dificulta o controle de onde ele pode ser ouvido. Mas os cientistas resolveram esse problema com uma abordagem criativa: dois feixes de ultrassom em frequências diferentes são projetados para se cruzar em um ponto específico.

Fora dessa interseção, o som permanece inaudível. Mas, quando os feixes se encontram, eles criam uma nova frequência audível por meio de um fenômeno chamado geração de diferença de frequência. Assim, apenas quem estiver naquele ponto exato ouvirá o som.

Além disso, os pesquisadores usaram metassuperfícies acústicas — materiais que manipulam as ondas sonoras — para fazer os feixes se curvarem. Isso permite que o som contorne obstáculos e “chegue” ao ouvinte, mesmo que ele não esteja na linha direta da fonte sonora.

Aplicações práticas para o futuro próximo

A criação de enclaves de áudio pode beneficiar diversos setores. Museus poderão oferecer guias de áudio individuais sem fones. Escritórios poderão ter zonas de conversa privada ou silêncio absoluto. Em carros, passageiros poderão ouvir músicas diferentes sem interferir na navegação do motorista.

No entanto, ainda existem desafios. A conversão de ultrassom em som audível exige alta intensidade de energia e pode causar distorções. Mas os pesquisadores estão otimistas com os avanços e acreditam que o desenvolvimento contínuo tornará a tecnologia mais viável em breve.