A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) obteve uma licença não remunerada de 127 dias da Câmara dos Deputados, iniciada em 29 de maio de 2025. A decisão, assinada pelo presidente da Casa, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e publicada no Diário Oficial, antecedeu em seis dias a confirmação pública de sua fuga para a Itália. Este fato gerou grande repercussão, principalmente considerando a condenação de Zambelli a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Licença para tratamento de saúde e assuntos particulares
Segundo a documentação oficial, a licença se justifica por 7 dias destinados a um tratamento médico não especificado, e por 120 dias para tratar de “assuntos particulares”. A concessão da licença, portanto, ocorreu antes mesmo da decisão do STF que a condenou definitivamente e decretou a perda de seu mandato. A ausência da deputada, em consequência, será coberta pelo seu suplente, Coronel Tadeu (PL-SP), que já exerceu o cargo de deputado federal entre 2019 e 2023.
Histórico do suplente e a condenação de Zambelli
Vale ressaltar que Coronel Tadeu possui um histórico na Câmara dos Deputados. Em novembro de 2019, ele recebeu uma advertência verbal do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar por danificar uma placa de exposição sobre o assassinato de pessoas negras no Brasil. Ainda assim, assume agora o mandato de Zambelli em um contexto bastante delicado. A condenação da deputada, por unanimidade, pela Primeira Turma do STF, se deu pela invasão do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e divulgação de documentos falsos. Além da pena de prisão, o STF decretou a perda do mandato de Zambelli, decisão posteriormente confirmada em 6 de junho de 2025, com a rejeição unânime de seu recurso.
Prisão preventiva e fuga para a Itália
Após a confirmação de sua saída do país, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou, entre outras medidas, a prisão preventiva de Zambelli, o bloqueio de seu salário e verbas parlamentares, além de sua inclusão na lista vermelha da Interpol. Em seguida, a deputada foi localizada na Itália, país onde possui cidadania e pretendia se estabelecer. Zambelli, enquanto ainda estava nos Estados Unidos, declarou sua intenção de atuar na Europa contra o que chamou de “ditadura” no Brasil. A prisão preventiva de Zambelli, agora, deve ser convertida em prisão para o cumprimento de pena, embora a perda do mandato ainda dependa de um ato declaratório da Mesa Diretora da Câmara.
Implicações e desdobramentos
Em conclusão, a concessão da licença a Carla Zambelli, seguida por sua fuga e condenação, expõe uma série de complexidades legais e políticas. Além disso, o caso tem gerado grande debate público e diversas consequências, incluindo o bloqueio de suas contas pelo Banco Central e a confirmação pela Meta do cumprimento da suspensão de seus perfis nas redes sociais. A abertura de um inquérito pelo ministro Moraes para investigar Zambelli por coação e obstrução de justiça completa o quadro de ações desencadeadas pela situação. O futuro político de Zambelli e os desdobramentos judiciais do caso permanecem em aberto, mantendo o assunto como um dos focos centrais da atualidade política brasileira.