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Brasileiros sacam R$ 318 milhões em valores esquecidos; R$ 10,6 bi ainda disponíveis

Brasileiros sacaram R$ 318,37 milhões em valores esquecidos em junho, mas R$ 10,6 bilhões ainda estão disponíveis no sistema financeiro, segundo o Banco Central.
valores esquecidos Banco Central
Foto: José Cruz/Agência Brasil/Arquivo

Os brasileiros realizaram saques totalizando R$ 318,37 milhões em valores esquecidos no sistema financeiro durante o mês de junho. Contudo, apesar deste montante já resgatado, ainda há uma expressiva quantia de R$ 10,6 bilhões disponível para retirada, conforme os dados mais recentes divulgados pelo Banco Central (BC) em Brasília nesta terça-feira. No acumulado geral, o Sistema de Valores a Receber (SVR) já facilitou a devolução de R$ 11 bilhões aos clientes de instituições financeiras, salientando a importância contínua da iniciativa.

Compreendendo o Sistema de Valores a Receber (SVR)

O Sistema de Valores a Receber, uma ferramenta desenvolvida pelo Banco Central, permite que cidadãos, empresas e até mesmo herdeiros de pessoas falecidas consultem a existência de dinheiro esquecido em bancos, consórcios ou outras entidades financeiras. Primeiramente, o processo de consulta é simples e completamente gratuito. Para tanto, não é necessário efetuar login; basta fornecer o Cadastro de Pessoa Física (CPF) e a data de nascimento do indivíduo, ou o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) e a data de abertura da empresa, inclusive para aquelas que já foram encerradas.

Procedimentos para o Resgate e Novas Funcionalidades

Para solicitar o resgate dos valores encontrados, entretanto, o cidadão precisa possuir uma conta Gov.Br nos níveis Prata ou Ouro, com a verificação em duas etapas devidamente habilitada. Existem duas principais formas de efetivar o resgate. A primeira consiste em contatar diretamente a instituição financeira responsável pelo valor e solicitar a devolução. Por outro lado, a segunda opção é realizar a solicitação diretamente pelo próprio Sistema de Valores a Receber.

Ademais, uma funcionalidade inovadora foi implementada em maio pelo Banco Central: a solicitação automática de resgate de valores. Graças a esta novidade, o beneficiário não precisará mais consultar o sistema periodicamente nem registrar manualmente cada solicitação de valor em seu nome. Assim sendo, caso algum recurso seja disponibilizado por instituições financeiras, o crédito será efetuado diretamente na conta do cidadão. É crucial destacar que esta solicitação automática é exclusiva para pessoas físicas e está disponível apenas para quem possui uma chave Pix do tipo CPF. A adesão a este serviço, por sua vez, é facultativa.

Diversidade de Recursos Abrangidos pelo SVR

O Sistema de Valores a Receber abrange uma vasta gama de recursos que podem ter sido esquecidos pelos titulares. Entre os principais tipos de valores que podem ser recuperados, encontram-se saldos em contas-correntes ou poupanças que foram encerradas. Além disso, incluem-se cotas de capital e rateios de sobras líquidas pertencentes a ex-participantes de cooperativas de crédito.

Da mesma forma, o SVR permite o resgate de recursos não procurados de grupos de consórcio que foram encerrados. Outras categorias de valores passíveis de recuperação englobam tarifas e parcelas ou despesas de operações de crédito que foram cobradas indevidamente. Por fim, saldos em contas de pagamento pré ou pós-pagas encerradas, bem como contas de registro mantidas por corretoras e distribuidoras também encerradas, e outros recursos disponíveis para devolução pelas instituições, também estão inclusos no sistema.

Panorama dos Saques e o Perfil dos Beneficiários

As estatísticas relativas ao SVR são divulgadas pelo Banco Central com uma defasagem de dois meses. Esta periodicidade permite a atualização e a incorporação de novas fontes de valores esquecidos no sistema financeiro. Até o fim de junho, um total de 31.813.580 correntistas já haviam conseguido resgatar seus valores. Deste universo, 28.885.864 correspondem a pessoas físicas e 2.927.716 a pessoas jurídicas.

Por outro lado, uma parcela ainda maior de beneficiários — 52.623.092, para ser exato — ainda não sacou seus recursos devidos. Desse grupo, 48.191.397 são pessoas físicas, enquanto 4.431.695 são pessoas jurídicas. Isso demonstra um grande potencial de recuperação de valores que permanecem inativos.

Distribuição dos Valores Ainda Pendentes

A maior parte dos indivíduos e empresas que ainda não realizaram o saque tem direito a quantias relativamente pequenas. Para ilustrar, os valores a receber de até R$ 10 concentram a maior fatia dos beneficiários, representando 64,59% do total. Em seguida, os valores entre R$ 10,01 e R$ 100 correspondem a 23,97% dos correntistas. Adicionalmente, as quantias que variam de R$ 100,01 a R$ 1 mil perfazem 9,67% dos clientes. Notavelmente, apenas uma pequena parcela, 1,76%, tem direito a receber mais de R$ 1 mil, evidenciando a capilaridade dos pequenos valores a serem resgatados.

Alerta do Banco Central Contra Golpes

O Banco Central emite um alerta crucial para que os correntistas mantenham cautela em relação a golpes de estelionatários. Esses criminosos frequentemente alegam intermediar supostos resgates de valores esquecidos. O BC reforça que todos os serviços relacionados ao Sistema de Valores a Receber são inteiramente gratuitos e que a instituição jamais envia links ou entra em contato para tratar sobre valores a receber ou para confirmar dados pessoais.

É fundamental compreender que somente a instituição financeira que aparece na consulta do SVR pode contatar o cidadão a respeito de seus valores. Consequentemente, o Banco Central também solicita que nenhuma pessoa forneça senhas ou qualquer dado pessoal sensível. Ninguém está autorizado a fazer esse tipo de pedido em nome do Banco Central ou das instituições financeiras, visando garantir a segurança e a integridade dos usuários do SVR.

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