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Brasil registra quase 200 casos diários de violência contra crianças e adolescentes em 2023

Estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria destaca a necessidade de atenção à subnotificação e ações preventivas para proteger jovens.
Violência contra crianças e adolescentes no Brasil
Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil

O Brasil enfrenta um grave problema de violência contra crianças e adolescentes, com uma média de 196 casos de agressões físicas diárias em 2023. Os dados foram divulgados pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e refletem uma realidade alarmante. O estudo revela que 80% das agressões ocorrem dentro das próprias casas, destacando a urgência de intervenções e estratégias de proteção.

Dados Alarmantes

Os números foram obtidos através do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan), mantido pelo Ministério da Saúde. Eles mostram que adolescentes entre 15 e 19 anos são as principais vítimas, com 35.851 notificações ao longo do ano. Além disso, mais de 3 mil casos envolveram bebês com menos de 1 ano, e 8.370 casos foram registrados para crianças de 5 a 9 anos.

A subnotificação é um grande desafio. A SBP ressalta que esses números representam apenas “a ponta do iceberg”. Muitas agressões não são relatadas, especialmente em áreas remotas com poucos recursos. O cenário é especialmente preocupante na Região Norte, onde as notificações são significativamente menores.

Compulsoriedade da Notificação

A SBP reforça que a notificação de casos suspeitos ou confirmados de violência contra crianças e adolescentes é obrigatória, conforme estabelecido pelo Ministério da Saúde e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Todos os casos devem ser reportados ao conselho tutelar local e, em situações mais graves, às delegacias de polícia e ao Ministério Público.

Distribuição Geográfica das Violências

A maior parte das agressões ocorre nos estados da Região Sudeste, que possuem alta densidade populacional e sistemas mais eficientes de diagnóstico. O estado de São Paulo lidera o número de registros, com 17.278 casos, seguido por Minas Gerais (8.598) e Rio de Janeiro (7.634). A Região Sul também apresenta números preocupantes, especialmente no Paraná e no Rio Grande do Sul.

Orientações para Profissionais de Saúde

A SBP classifica a violência contra crianças como uma “doença silenciosa” e destaca a importância de os profissionais de saúde estarem atentos a sinais de agressão. Lesões inexplicáveis, relatos contraditórios e danos físicos são indicadores que exigem atenção. A entidade também alerta que a violência intrafamiliar é uma condição crônica e progressiva que afeta todas as classes sociais.

Campanha de Conscientização

Em resposta a essa grave situação, a SBP anunciou uma nova campanha de sensibilização e orientação diagnóstica sobre a violência contra crianças e adolescentes. O lançamento ocorrerá após o 41º Congresso Brasileiro de Pediatria, que aconteceu em Florianópolis. A proposta visa fortalecer ações de prevenção e identificação precoce de sinais de agressão em serviços de saúde.

Conclusão

A realidade da violência contra crianças e adolescentes no Brasil é alarmante e exige ações efetivas. A SBP e outras entidades devem trabalhar em conjunto para promover a proteção dos jovens e a sensibilização da sociedade. Com a colaboração de profissionais de saúde e políticas públicas eficazes, é possível criar um ambiente mais seguro e acolhedor para as futuras gerações.