O Brasil enfrentou um aumento alarmante nos focos de incêndio em 2024, com 22,38 milhões de hectares queimados entre janeiro e setembro. Os dados foram divulgados pelo MapBiomas no Monitor do Fogo nesta sexta-feira (11). Apenas em setembro, o país registrou 10,65 milhões de hectares queimados, representando quase a metade da área total atingida nos primeiros oito meses do ano.
Comparativo com Anos Anteriores
Esse total de 22,38 milhões de hectares queimados equivale a aproximadamente o tamanho do estado de Roraima. Além disso, a área queimada em 2024 é 150% maior do que no mesmo período do ano anterior, quando 8,98 milhões de hectares foram afetados. A vegetação nativa representa 73% da área queimada, com a formação florestal sendo a mais atingida. As áreas de uso agropecuário também foram severamente afetadas, somando 20,5% do total.
Estados Mais Impactados
Os estados do Mato Grosso, Pará e Tocantins concentraram mais da metade da área total queimada. O Mato Grosso registrou 5,5 milhões de hectares, enquanto o Pará teve 4,6 milhões e Tocantins, 2,6 milhões de hectares atingidos. O município paraense de São Félix do Xingu destacou-se como o mais atingido, seguido por Corumbá, no Mato Grosso do Sul.
A Amazônia em Foco
Entre os biomas brasileiros, a Amazônia foi a mais afetada, com 11,3 milhões de hectares queimados, representando 51% do total. A diretora de ciências do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), Ane Alencar, destacou que a crise dos incêndios na região foi exacerbada por uma seca severa, resultado das mudanças climáticas. “Setembro foi um mês crítico, com metade da área queimada sendo de formações florestais”, afirmou.
Na Amazônia, em setembro, foram 5,5 milhões de hectares queimados, dos quais 2,8 milhões pertenciam a formações florestais. Pastagens também sofreram impactos significativos, com 1,8 milhão de hectares queimados.
Impactos no Cerrado e Pantanal
No Cerrado, 8,4 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo em 2024. Somente em setembro, 4,3 milhões de hectares foram afetados, a maior área queimada para esse mês nos últimos cinco anos. Vera Arruda, pesquisadora do Ipam, explicou que “setembro marca o pico da seca no Cerrado, aumentando o impacto do fogo”.
O Pantanal, por sua vez, registrou um crescimento impressionante de 2.306% na área queimada em comparação com a média dos últimos cinco anos. Foram 1,5 milhão de hectares queimados, com 318 mil hectares atingidos apenas em setembro, sendo 92% da vegetação nativa.
Situação em Outros Biomas
A Mata Atlântica, embora menos impactada, queimou 896 mil hectares, com a maioria (71%) sendo área agropecuária. Por outro lado, a Caatinga e os Pampas apresentaram redução na área afetada por incêndios, com 151 mil hectares e 3,1 mil hectares, respectivamente.
Conclusão
Os dados sobre incêndios florestais no Brasil em 2024 revelam uma crise ambiental significativa. O aumento da área queimada, especialmente em setembro, destaca a necessidade de ações urgentes para proteger a vegetação nativa e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. É essencial que todos se unam para enfrentar esses desafios e promover a preservação ambiental.