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Brasil perto de eliminar HIV vertical: País busca certificação da OPAS

Brasil próximo de eliminar transmissão vertical do HIV. Ministro da Saúde entregou relatório à OPAS comprovando taxa abaixo de 2% em 2023, buscando certificação internacional.
Eliminação vertical HIV Brasil
Foto: Walterson Rosa/MS

O Brasil está a um passo de alcançar uma vitória histórica na luta contra o HIV: a eliminação da transmissão vertical do vírus. A certificação internacional pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS) está próxima, após a apresentação de um relatório que demonstra a redução drástica da transmissão de mãe para filho em 2023.

Relatório apresentado à OPAS comprova sucesso do Brasil

Na última terça-feira (3), o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, entregou oficialmente à OPAS o relatório que detalha os resultados alcançados. Os dados apresentados são contundentes: a taxa de transmissão vertical do HIV ficou abaixo de 2% em 2023, com uma incidência em crianças inferior a 0,5 casos por mil nascidos vivos. A entrega ocorreu em um evento de grande relevância: o XV Congresso da Sociedade Brasileira de Doenças Sexualmente Transmissíveis (SBDST), XI Congresso Brasileiro de Aids e VI Congresso Latino-Americano de IST/HIV/Aids, realizado no Rio de Janeiro.

Com esses números expressivos, o Brasil formaliza seu pedido de certificação internacional pela eliminação da transmissão vertical do HIV. Segundo o ministro Padilha, o relatório atesta que o país é o maior do mundo a alcançar essa meta. Ele atribuiu o sucesso ao trabalho incansável de profissionais de saúde, estados, municípios e, principalmente, à reconstrução do Sistema Único de Saúde (SUS), impulsionada pelo governo atual. “Essa conquista também é fruto do trabalho incansável de profissionais da saúde, estados, municípios e da reconstrução do SUS, liderada hoje com firmeza pelo presidente Lula e pela ministra Nísia Trindade”, afirmou Padilha, reconhecendo a contribuição de toda a equipe envolvida.

OPAS reconhece a conquista brasileira e destaca desafios futuros

O representante da OPAS no Brasil, Cristian Morales, corroborou as declarações do ministro, ressaltando a importância da conquista brasileira. O país poderá se juntar a outros 19 que já eliminaram a transmissão vertical do vírus. Entretanto, Morales também apontou para a necessidade de manutenção dos esforços. “E o que é mais importante: tem milhares de mulheres agora que podem realizar o sonho de ser mães e poder trazer ao mundo crianças sem o perigo de viver com HIV. Mas temos desafios agora de manter o financiamento constante para manter esses resultados”, completou Morales, alertando para a necessidade de investimentos contínuos para a consolidação da vitória.

Estratégias de prevenção e tratamento como pilares do sucesso

O Ministério da Saúde destaca várias estratégias como fundamentais para o alcance desses resultados. Por exemplo, a taxa de mortalidade por AIDS no Brasil em 2023 foi de 3,9 óbitos, a menor desde 2013, demonstrando o impacto positivo das políticas implementadas. Além disso, em 2023 e 2024, o país registrou mais de 95% de cobertura de pelo menos uma consulta pré-natal, testagem de HIV em gestantes e tratamento para gestantes vivendo com HIV e/ou AIDS. A prevenção também desempenhou um papel crucial, com destaque para a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), que contou com 184.619 usuários em 2025. O Ministério da Saúde considera a distribuição gratuita da PrEP pelo SUS um elemento vital para a prevenção da infecção pelo HIV.

Em paralelo, a expansão dos testes rápidos de HIV e sífilis, com prioridade para gestantes, contribuiu significativamente para o controle da epidemia. Apesar dos avanços, a luta contra o HIV no Brasil continua. Ainda existem desafios importantes a serem enfrentados, como a discriminação que afeta uma parcela significativa da população com HIV/AIDS, segundo pesquisas recentes. Portanto, a manutenção dos investimentos e a continuidade das estratégias de prevenção e tratamento são imprescindíveis para garantir a sustentabilidade dos resultados obtidos e a consolidação da eliminação da transmissão vertical do HIV no país.