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Avanços e Desafios: Taxa de Alfabetização entre Indígenas Cresce, Mas Continua Preocupante

Quase 85% dos indígenas brasileiros sabem ler e escrever, mas a taxa permanece abaixo da média nacional de 93%.
Alfabetização entre indígenas
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

A taxa de alfabetização entre a população indígena brasileira apresenta um aumento significativo, mas ainda é preocupante. De acordo com o suplemento do Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 85% da população indígena de 15 anos ou mais é considerada alfabetizada. Este número representa um aumento em relação aos 76,6% registrados em 2010. No entanto, essa taxa ainda está abaixo da média nacional, que é de 93%.

Contexto do Censo

O levantamento apurou informações de 1.694.836 indígenas, correspondendo a 0,83% da população brasileira. Desses, 622.844 vivem em terras indígenas (TIs) e 1.071.992 fora de território demarcado. O critério utilizado pelo IBGE para determinar quem é considerado indígena é a autodeclaração.

“A gente tem duas perguntas para capturar o pertencimento indígena. A primeira pergunta busca saber a cor ou raça da pessoa. A segunda pergunta se a pessoa se considera indígena,” explicou Marta Antunes, coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais.

Taxa de Analfabetismo

Apesar do avanço na alfabetização, o índice de analfabetismo entre os indígenas ainda é alarmante. Enquanto a taxa de analfabetismo nacional é de 7%, entre os indígenas é de 15,05%. Nas terras indígenas, esse número sobe para 20,80%, indicando que um em cada cinco indígenas nessas áreas não sabe ler nem escrever.

O Censo 2022 revelou que, quanto maior a faixa etária, maior é a proporção de analfabetismo. Entre os jovens de 15 a 17 anos, o índice é de 5,55%, enquanto entre aqueles com mais de 65 anos, sobe para 42,88%. Os dados mostram que os indígenas nas regiões Norte e Nordeste apresentam taxas de analfabetismo superiores à média nacional.

Condições de Habitação

O Censo também levantou informações sobre as condições de habitação da população indígena. Em todo o país, 630.428 domicílios têm pelo menos um morador indígena. Desses, 73,44% são indígenas, mostrando a coabitação com pessoas de outras etnias.

As condições de abastecimento de água são preocupantes: apenas 63,21% dos indígenas têm acesso à água dentro de casa, comparado a 93,97% da população geral. Nas terras indígenas, essa taxa cai para 30,76%. Além disso, 5,06% dos domicílios indígenas não têm sanitário, um número que chega a 18,46% nas terras indígenas.

Registro de Nascimento

O IBGE também coletou dados sobre o registro de nascimento entre os indígenas. Entre a população indígena, 89,12% têm registro em cartório. Contudo, este percentual cai para 85,53% nas terras indígenas, indicando uma necessidade de melhorar a formalização da cidadania nessa população.

Conclusão

Os dados do Censo 2022 revelam avanços significativos na alfabetização entre a população indígena, mas ainda há muito a ser feito. A continuidade das políticas públicas voltadas à educação e inclusão social é fundamental. Marta Antunes ressalta que essas informações podem orientar melhor os gestores, contribuindo para o desenvolvimento de políticas de saúde e educação mais eficazes e culturalmente adequadas.