O limite de velocidade do Eixão, uma das principais vias de Brasília, pode ser reduzido de 80 km/h para 60 km/h. Para debater a medida, a Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do Distrito Federal (Vmaduf) realizará uma audiência pública híbrida nesta quinta-feira (20/3), às 14h15, no Fórum Desembargador Joaquim de Sousa Neto.
A proposta de redução faz parte de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que argumenta que a medida pode reduzir acidentes e proteger pedestres, ciclistas e motociclistas. No entanto, a proposta divide opiniões entre especialistas e órgãos responsáveis pelo trânsito da capital.
Ação do MPDFT e argumentos favoráveis
O MPDFT defende que a travessia de pedestres no Eixão e nos Eixinhos não é segura e que a redução da velocidade pode ajudar a salvar vidas. Desde o início do processo, três pessoas morreram: uma vítima de violência nas passagens subterrâneas e duas atropeladas.
Para o promotor de justiça Dênio Augusto de Oliveira Moura, a mudança é necessária. “Desde que a ação civil pública foi ajuizada, perdemos três vidas. Precisamos de soluções para evitar mais tragédias”, afirmou.
O especialista em transporte público da Universidade de Brasília (UnB), Willy Gonzales, também defende a redução da velocidade, mas alerta para a falta de alternativas viáveis de transporte público. “O problema não está apenas na velocidade do Eixão, mas na falta de infraestrutura que force as pessoas a dependerem do carro. Sem soluções como o BRT, essa dependência continuará”, explicou.
Ele sugere a ampliação de transportes de menor capacidade e preços acessíveis, como o Zebrinha, para ligar as áreas residenciais e comerciais próximas ao Eixão.
Estudos técnicos e posicionamento do DER
O Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) argumenta que a segurança dos pedestres só está garantida se a travessia for feita pelas 16 passagens subterrâneas existentes ao longo da via. Além disso, o órgão afirma que estudos técnicos mostram que a redução da velocidade para 60 km/h não impediria acidentes fatais.
Outros órgãos do governo também se posicionaram:
- Detran-DF informou que, no momento, não há estudos em andamento para a redução de velocidade.
- CEB IPes intensificou a manutenção da iluminação nas passagens subterrâneas, mas alerta que os locais sofrem com vandalismo constante.
- Novacap anunciou que está contratando uma empresa para revitalizar as passagens de pedestres subterrâneas que ainda não foram contempladas em projetos recentes.
- Serviço de Limpeza Urbana (SLU) informou que as passagens subterrâneas são limpas regularmente, com reforço nas proximidades dos hospitais da Asa Sul e Asa Norte.
O impacto da redução de velocidade
A possível mudança no limite de velocidade divide opiniões entre motoristas e pedestres. Para alguns condutores, a medida pode aumentar o tempo de deslocamento, tornando o tráfego mais lento, principalmente nos horários de pico. Já os defensores da mudança argumentam que a redução pode diminuir a gravidade dos acidentes e garantir mais segurança para pedestres e ciclistas.
A audiência pública pretende reunir diferentes perspectivas para buscar uma solução viável para a segurança viária no centro da capital.
Serviço:
Audiência de Conciliação Judicial Pública sobre redução da velocidade no Eixão
- Data: Quinta-feira (20/3)
- Local: Fórum Desembargador Joaquim de Sousa Neto
- Horário: 14h15
- Transmissão online: Link será disponibilizado no site da Justiça do DF