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Mutirão do SUS reduz filas: Padilha inicia programa de cirurgias

Ministro Padilha lança programa "Agora Tem Especialistas", com mutirão em hospitais universitários e abertura para clínicas privadas, para zerar a fila de cirurgias e exames do SUS, iniciativa que visa combater os efeitos da pandemia.
Mutirão SUS cirurgias eletivas
Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, deu início, no último sábado (31), ao programa “Agora Tem Especialistas”, com um mutirão de cirurgias eletivas em nove hospitais universitários administrados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Essa iniciativa ambiciosa visa reduzir significativamente as longas filas de espera por procedimentos médicos não emergenciais no Sistema Único de Saúde (SUS).

Mutirão Nacional para Desafogar Filas do SUS

O mutirão, realizado simultaneamente em unidades da Ebserh no Nordeste e Norte do país, marca o pontapé inicial de um esforço nacional para combater o impacto da pandemia de Covid-19 sobre o sistema de saúde. Segundo Padilha, a desorganização dos fluxos de atendimento, resultante da pandemia, agravou as dificuldades de acesso a procedimentos especializados. Ele enfatizou a perda de mais de 700 mil vidas e a consequente sobrecarga do sistema, afirmando que o programa visa reorganizar o acesso à saúde, desde a atenção básica até os procedimentos mais complexos.

No Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), palco do lançamento do programa, foram realizadas 28 cirurgias eletivas, incluindo procedimentos como catarata, laqueadura, hérnia, colecistectomia e implante de marcapasso, além de 28 exames de coloproctologia. Aproximadamente 30 profissionais de saúde trabalharam em regime de revezamento para garantir o sucesso da operação. A meta da Ebserh, segundo o ministro, é um aumento de 40% nas cirurgias eletivas em 2025, com um investimento de R$ 100 milhões do Ministério da Saúde destinado exclusivamente a essa ação.

Expansão da Rede e Parcerias com a Iniciativa Privada

Além da ampliação das atividades nos hospitais universitários, com funcionamento aos sábados e em terceiro turno, o programa “Agora Tem Especialistas” prevê a integração de clínicas privadas. O vice-presidente da Ebserh, Daniel Beltrammi, destacou o caráter público da instituição e seu papel crucial na promoção da saúde, ensino, pesquisa e inovação no SUS. Ele enfatizou que a Ebserh é a maior rede de hospitais universitários do Sul Global.

De acordo com Padilha, o programa utilizará mecanismos inovadores para incluir a rede privada. Primeiramente, haverá uma negociação com planos de saúde, convertendo dívidas com a União em serviços prestados ao SUS, como cirurgias, exames de imagem e consultas especializadas. Em segundo lugar, hospitais privados e filantrópicos também poderão abater parte de suas dívidas mediante o oferecimento de atendimentos à rede pública. Em suma, a estratégia combina a expansão da capacidade do sistema público com a integração estratégica de recursos privados.

Monitoramento Nacional e o Dia E Nacional

Para garantir a eficácia do programa, o “Agora Tem Especialistas” inclui a criação de um Painel de Monitoramento Nacional. Este painel exigirá que todos os níveis de governo – nacional, estadual e municipal – reportem dados sobre atendimentos, internações, procedimentos e tempos de espera para a Rede Nacional de Dados de Saúde. Segundo Padilha, esta iniciativa inédita no Brasil permitirá um monitoramento eficaz da situação e da evolução do programa.

Ainda como parte do programa, foi anunciado o “Dia E Nacional”, previsto para 5 de julho, seguindo o modelo do “Dia D” de vacinação. Neste dia, todos os hospitais universitários do país se mobilizarão para realizar ações que garantam um tempo de tratamento mais adequado aos pacientes. Padilha enfatizou a escolha do HUB-UnB para o lançamento, reconhecendo o comprometimento da rede de hospitais universitários com a iniciativa.

Em conclusão, o programa “Agora Tem Especialistas” representa uma resposta ambiciosa e multifacetada aos desafios do SUS, combinando a expansão da capacidade pública, a integração de recursos privados e um sistema de monitoramento inédito para garantir a eficácia das medidas e o acesso equitativo à saúde para todos os brasileiros.