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Alcolumbre rejeita debate sobre anistia a golpistas e defende abordagem jurídica

Presidente do Senado afirma que julgamento deve seguir parâmetros legais e evitar contaminação política
Davi Alcolumbre
Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União/AP), declarou nesta quarta-feira (20) que a proposta de anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado não deve ser um tema prioritário para os brasileiros. Ele defendeu que o julgamento dos acusados ocorra dentro dos parâmetros da legislação, sem influência política.

Anistia não é prioridade, diz Alcolumbre

Durante entrevista, Alcolumbre afirmou que insistir na discussão sobre anistia apenas reforça a polarização política. “Quando a gente fala desse assunto a todo instante, a gente está dando, de novo, a oportunidade de dividirmos um tema que não é dos brasileiros”, destacou.

A declaração ocorre no momento em que aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro articulam a tramitação do projeto de anistia na Câmara dos Deputados. A proposta pretende perdoar os envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Julgamento deve seguir critérios jurídicos

Para Alcolumbre, o caso deve ser tratado estritamente dentro da Justiça, sem interferências políticas. “Ter a compreensão e a confiança de que o Judiciário tratará isso dentro dos parâmetros estabelecidos pela legislação brasileira e pelas leis, com imparcialidade e cautela, é essencial”, afirmou.

A declaração do presidente do Senado reforça o posicionamento de setores do Congresso que acreditam que a tentativa de golpe deve ser julgada com base na Constituição e no Código Penal.

Denúncia contra Bolsonaro e aliados

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por envolvimento em uma trama golpista para se manter no poder após a derrota nas eleições de 2022. A denúncia inclui alegações de planejamento para um golpe militar e supostas intenções de atentado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e um ministro do Supremo Tribunal Federal.

Os acusados negam as acusações e alegam perseguição política. Em nota, a defesa de Bolsonaro classificou a denúncia como “estarrecedora e indignante”, afirmando que o ex-presidente “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse à desconstrução do Estado Democrático de Direito”.

Impactos no cenário político

A movimentação para aprovar a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro reforça as tensões entre governo e oposição. Enquanto apoiadores de Bolsonaro defendem o perdão aos manifestantes, setores políticos e jurídicos insistem que os atos golpistas precisam ser julgados de forma rigorosa para garantir a estabilidade democrática.

Diante desse cenário, o Senado, sob a liderança de Alcolumbre, sinaliza que não pretende pautar essa discussão, deixando a decisão final para o Judiciário. A expectativa é que o debate sobre o tema continue acalorado nos próximos meses, com impactos diretos no cenário político nacional.