A R7 Facilities, empresa de engenharia que presta serviços para órgãos públicos, está no centro de uma nova polêmica. Após funcionários protestarem contra atrasos salariais, pelo menos oito trabalhadores foram demitidos. O caso ocorre enquanto a empresa é investigada por supostas irregularidades, incluindo uso de “laranjas” e apresentação de documentos falsos em licitações.
Funcionários denunciam represálias após protestos
Na última quinzena, funcionários da R7 Facilities lotados em ministérios como os das Mulheres, dos Direitos Humanos (MDH) e da Igualdade Racial (MIR) denunciaram atrasos salariais. Em protesto, reuniram-se com deputados e sindicalistas em frente ao MDH. Dias depois, ao menos oito trabalhadores foram demitidos, sem aviso prévio.
Uma ex-funcionária relatou ter sido surpreendida com a rescisão e pressionada a assinar uma carta de demissão. Segundo ela, os desligamentos foram uma “punição política” contra aqueles que cobravam direitos trabalhistas.
O Ministério Público do Trabalho (MPT) investiga as demissões. A Procuradoria-Regional do Trabalho da 10ª Região (PRT-10), que já apurava as denúncias sobre atraso nos pagamentos, ampliou a investigação para analisar possíveis abusos cometidos pela empresa.
Histórico de polêmicas e investigações
A R7 Facilities tem um histórico de irregularidades que vão além dos atrasos salariais. A Controladoria-Geral da União (CGU) investiga a empresa por supostamente utilizar “laranjas” para vencer licitações públicas. O atual sócio-administrador, Gildenilson Braz Torres, recebeu auxílio emergencial do governo e tinha poucos recursos em sua conta bancária, levantando suspeitas sobre sua real participação nos negócios.
Além disso, a empresa foi declarada inidônea pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em 2019, após apresentar um documento falso em um contrato com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Apesar da penalidade, conseguiu reverter a decisão e, poucos meses depois, firmou um contrato com o Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Contratos milionários e fuga de presos
Mesmo sob investigações, a R7 Facilities mantém contratos de alto valor com o governo. A empresa administra um acordo de R$ 41,1 milhões com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), além de ter recebido quase R$ 11 milhões em contratos com o Governo do Distrito Federal.
Em 2024, a empresa esteve envolvida na primeira fuga registrada em um presídio de segurança máxima no Brasil. Durante uma obra realizada pela R7 Facilities no telhado da Penitenciária Federal de Mossoró (RN), dois presos do Comando Vermelho conseguiram escapar. Funcionários da empresa foram investigados por possível envolvimento no plano de fuga.
Posicionamento da empresa
Em nota, a R7 Facilities negou que tenha realizado um desligamento em massa e afirmou manter compromisso com seus colaboradores. No entanto, até o momento, não apresentou justificativas detalhadas para as demissões.
A empresa também não se pronunciou sobre as investigações em andamento. Enquanto isso, órgãos como a CGU e o MPT seguem apurando denúncias contra a organização, que continua vencendo contratos públicos milionários.