O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, comparecerá na próxima terça-feira (19) à sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, para prestar novo depoimento. A oitiva faz parte das investigações relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado por Cid, que abrange casos como a inserção de dados falsos de vacinação contra a covid-19 e a tentativa de golpe de Estado supostamente planejada no alto escalão do governo anterior.
O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, garantiu que a defesa não teme pela revisão ou cancelamento do acordo. Ele ressaltou que o processo de colaboração é dinâmico e novas informações podem levar a depoimentos adicionais. “Não há nenhuma preocupação com o cumprimento do acordo”, afirmou.
Contexto das investigações
Mauro Cid foi preso em maio de 2023 durante a Operação Venire, que investigava fraudes no sistema de vacinação contra a covid-19. À época, ele foi acusado de inserir dados falsos no sistema do Ministério da Saúde. Após quatro meses detido, Cid firmou um acordo de delação premiada com a PF, recebendo liberdade provisória concedida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O ex-ajudante de ordens também cooperou em investigações sobre um suposto plano de golpe de Estado, que incluía medidas contra o Judiciário e ministros do STF, além de um esquema envolvendo a venda de joias e presentes recebidos pelo ex-presidente Bolsonaro.
Mensagens encontradas no celular de Mauro Cid indicam que, mesmo diante de relatórios que confirmavam a segurança das urnas eletrônicas, houve a elaboração de uma minuta que previa ações contra o sistema eleitoral e o Judiciário.
Risco de rescisão do acordo
A delação premiada de Cid permanece válida, mas a PF pode solicitar sua rescisão caso o militar não cumpra as obrigações pactuadas. Nesse cenário, os benefícios, como a liberdade provisória, poderiam ser revogados, mas as informações fornecidas continuariam válidas no processo.
Cid já foi alvo de medidas cautelares e, em março deste ano, foi preso novamente por descumpri-las e por obstrução de Justiça. Durante a detenção, áudios vazados mostraram o militar criticando o ministro Alexandre de Moraes e relatando supostas pressões para confessar fatos inexistentes.
Próximos passos
A PF continuará analisando os documentos e depoimentos fornecidos por Mauro Cid para avançar nas investigações que envolvem fraudes, atos antidemocráticos e outros crimes. O depoimento de terça-feira será crucial para esclarecer pontos pendentes e confirmar a robustez das provas.
O caso segue como uma das principais frentes de investigação relacionadas ao governo Bolsonaro, com implicações significativas para a responsabilização dos envolvidos e a garantia da ordem democrática.