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Ucrânia Proíbe Uso Oficial do Telegram por Medo de Espionagem Russa

Medida visa proteger a segurança nacional, mas não afeta uso pessoal do aplicativo por cidadãos comuns, que ainda consideram a plataforma vital para informações.
Celular com app do telegram na tela
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A Ucrânia tomou uma decisão importante, ao proibir o uso do aplicativo de mensagens Telegram em dispositivos oficiais. Essa medida foi impulsionada por preocupações crescentes com a espionagem russa, à medida que a guerra entre os dois países continua. A decisão afeta diretamente autoridades do Estado, militares e trabalhadores em setores vitais, mas não se aplica a dispositivos pessoais.

Telegram sob suspeita de espionagem russa

O Conselho Nacional de Segurança e Defesa da Ucrânia foi o órgão responsável por anunciar a proibição do Telegram para uso oficial. A decisão foi tomada após Kyrylo Budanov, chefe da inteligência militar ucraniana (GUR), apresentar ao conselho evidências que mostram a capacidade dos serviços de inteligência russos de monitorar e acessar informações sensíveis através do aplicativo.

Budanov destacou que os russos conseguem não apenas ler as mensagens trocadas na plataforma, mas também recuperar mensagens excluídas e acessar dados pessoais dos usuários. Ele explicou que a questão vai além da liberdade de expressão. “Essa é uma questão de segurança nacional. Precisamos proteger as informações e os usuários ucranianos de possíveis ataques cibernéticos e espionagem,” afirmou o chefe da inteligência.

Telegram: um canal essencial durante a guerra

Desde o início da invasão russa em fevereiro de 2022, o Telegram tornou-se uma ferramenta fundamental tanto para os cidadãos quanto para o governo ucraniano. O aplicativo, que foi criado pelo russo Pavel Durov, com sede em Dubai, é amplamente utilizado para disseminar informações em tempo real. Isso inclui atualizações sobre o conflito e decisões governamentais importantes. A imprensa ucraniana estima que 75% da população do país usa a plataforma, e 72% dos usuários a consideram uma fonte confiável de informações.

Com mais de 33 mil canais ativos no país, o Telegram tornou-se uma peça-chave na comunicação durante a guerra, mas também um alvo potencial para espionagem. Autoridades ucranianas, incluindo o próprio presidente Volodymyr Zelenskiy, utilizam a plataforma para divulgar atualizações diárias sobre a guerra e ações governamentais. No entanto, a crescente preocupação com a segurança levou a restrições em dispositivos oficiais.

Proteção da segurança nacional

Embora o uso pessoal do Telegram ainda seja permitido, a proibição em dispositivos oficiais reflete a crescente necessidade de proteger informações sensíveis em tempos de guerra. Andriy Kovalenko, chefe do centro de combate à desinformação do conselho de segurança, esclareceu que as restrições visam apenas dispositivos usados por autoridades e trabalhadores vitais. “O uso em dispositivos pessoais não está incluído nesta proibição. A medida é para garantir a segurança das operações do governo e evitar o vazamento de informações confidenciais,” explicou Kovalenko.

A decisão da Ucrânia destaca a vulnerabilidade de plataformas de comunicação amplamente usadas durante períodos de conflito. Enquanto o Telegram continua a ser uma ferramenta de comunicação vital para muitos, a proibição de seu uso em ambientes oficiais envia uma mensagem clara sobre a prioridade da segurança nacional.

Foco em soluções seguras

Para substituir o Telegram, o governo ucraniano já está estudando alternativas mais seguras para a comunicação oficial. Entre as opções estão aplicativos de mensagens criptografadas e sistemas internos que oferecem maior proteção contra a espionagem. A iniciativa reflete a contínua busca do país por tecnologias que garantam a segurança de informações estratégicas, enquanto continua enfrentando os desafios de uma guerra prolongada.