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Último dia da Fenearte: Artesanato indígena é sucesso em Olinda

A 25ª Fenearte encerra neste domingo (20) em Olinda, com destaque para o sucesso de vendas e a celebração da cultura do artesanato indígena.
Artesanato indígena Fenearte
Foto: Foto Rodrigo Gonçalves

A 25ª edição da Feira Nacional de Negócios de Artesanato (Fenearte), um dos maiores eventos do gênero na América Latina, encerra suas portas neste domingo, dia 20 de julho, em Olinda, Pernambuco. O evento se despede do público com um balanço positivo, notadamente marcado pelo expressivo sucesso de vendas e pela calorosa celebração do riquíssimo artesanato indígena, que cativou visitantes e expositores ao longo de sua duração.

O Fechamento da Fenearte e Seu Legado

Localizada no Pernambuco Centro de Convenções, a Fenearte oferece até o último minuto uma derradeira oportunidade para os entusiastas da cultura e do artesanato explorarem seus mais de 700 espaços dedicados à comercialização. Além dos estandes repletos de obras únicas, o público pôde desfrutar de uma programação diversificada que incluiu oficinas interativas, desfiles de moda vibrantes e diversas atrações musicais, proporcionando uma experiência imersiva e memorável. Com efeito, o evento, que teve início em 9 de julho, adotou este ano o tema “A Feira das Feiras”, uma alusão direta às tradicionais feiras livres que compõem o cotidiano e a identidade cultural das regiões Norte e Nordeste do Brasil.

Ademais, a edição anterior da feira, ocorrida em 2023, registrou um impressionante volume de negócios de R$ 108 milhões, atraindo aproximadamente 320 mil visitantes e alcançando um notável índice de aprovação de 98,6% entre o público. A Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe) está programada para divulgar os dados completos da edição atual no momento de seu encerramento, gerando grande expectativa sobre os resultados alcançados nesta celebração do fazer manual.

Destaque Cultural: A Presença Indígena na Feira

Entre a vasta gama de artesãos participantes, que incluíram representantes internacionais da Turquia, Japão, África do Sul e Rússia, a Fenearte conferiu um protagonismo especial à presença de diversas etnias indígenas do Brasil. Esses povos, por conseguinte, não apenas comercializaram seus trabalhos manuais intrínsecos, mas também atuaram como importantes vetores de difusão de suas culturas milenares e saberes ancestrais para os milhares de visitantes que circularam pela feira. Em outras palavras, a presença indígena foi uma verdadeira vitrine de diversidade e resistência cultural.

Os indígenas estavam estrategicamente distribuídos por todo o pavilhão, garantindo visibilidade e acesso ao seu trabalho. No entanto, uma concentração notável das etnias pernambucanas foi estabelecida na Rua 18. Ali, visitantes puderam encontrar os povos Funil-ô, Atikum, Xukuru, Pankará, Kapinawá, Kambiwá, Truká e Pankararu, oferecendo uma imersão profunda nas tradições locais. Esta organização facilitou o contato direto do público com os criadores e suas obras, fortalecendo os laços culturais.

Vozes do Artesanato: Histórias de Sucesso e Cultura

O Apito que Encanta: A Tradição Funil-ô

Entre os itens mais procurados e vendidos na Fenearte, destaca-se o “fineho”, um apito singular que mimetiza os sons da natureza e é uma criação da etnia Funil-ô, originária de Águas Belas, Pernambuco. O artesão Luiz Carlos Frederico, representante desse povo, relatou o grande sucesso do produto. Segundo Luiz, o “fineho” possui um significado profundamente simbólico para sua cultura, pois as aves ocupam um lugar de grande importância, atuando, por exemplo, como guias que indicam quais frutos são seguros para consumo na natureza. Assim sendo, para ele, emitir os sons do apito durante o evento representava uma forma autêntica de comunicação com os espíritos da natureza, um gesto de pedido por paz e harmonia para toda a feira.

Artes Pankararu: Mais que Vendas, Representatividade

Maria da Saúde Batalha, uma dedicada artesã da etnia Pankararu, vinda de Petrolândia, Pernambuco, apresentou um repertório diversificado na feira. Ela confeccionava delicadas bijuterias indígenas e, além disso, comercializava peças de vestuário, como roupas de cama, mesa, banho e redes elaboradas em algodão cru. Ao ser questionada sobre os resultados comerciais, Maria mencionou que, embora não tivesse ainda quantificado o lucro com precisão, a receita sempre se mostrava muito satisfatória. No entanto, para ela, o maior prazer residia na oportunidade de representar seu povo e sua cultura. Conforme Maria, a aparição em mídias digitais ou televisivas resultava em ligações emocionadas de sua família na aldeia, celebrando a visibilidade conquistada. Em suma, ela expressou que sua maior felicidade era poder levar o nome e as ricas tradições de seu povo para cidades como o Recife e, por extensão, para outras regiões do país.

O Triunfo da Argila: A Experiência Terena

A Fenearte também abrigou a artista Dilma Terena, do povo Terena, oriunda do Mato Grosso do Sul, que trouxe consigo peças confeccionadas em argila. Para sua surpresa e satisfação, todas as cinquenta obras que ela havia preparado para a feira foram vendidas em um tempo recorde. Dilma compartilhou sua incredulidade com a rapidez das vendas, considerando que esta era a primeira vez que ela deixava seu estado natal, realizava uma viagem de avião e participava de um evento de tamanha magnitude. Consequentemente, sua alegria era palpável. Ela concluiu seu relato expressando sua profunda felicidade e sua esperança de retornar à Fenearte no próximo ano, evidenciando o impacto transformador da feira em sua vida e na de outros artesãos.