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Trump anuncia envio de imigrantes presos para Guantánamo e reacende debate nos EUA

Plano do presidente prevê a transferência de 30 mil detidos para a base militar em Cuba, gerando críticas e preocupações sobre direitos humanos
Prisão de Guantánamo
Imagem: Domínio Público

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (29) sua intenção de enviar 30 mil imigrantes presos para a base militar de Guantánamo, em Cuba. O local, conhecido por abrigar uma prisão de alta segurança desde os atentados de 11 de setembro de 2001, agora deve ser utilizado como centro de detenção para estrangeiros considerados criminosos perigosos.

A decisão faz parte de um conjunto de medidas adotadas pelo governo para endurecer a política migratória. Desde sua posse, em 20 de janeiro, Trump tem implementado ações para restringir a imigração ilegal, incluindo a suspensão de programas de acolhimento e o aumento das detenções de pessoas sem documentos.

Histórico da base de Guantánamo

A Baía de Guantánamo, localizada no sul de Cuba, está sob controle dos Estados Unidos há mais de 100 anos. A área foi cedida ao governo americano em 1903, após a Guerra Hispano-Americana, e abriga uma das bases militares mais estratégicas do país.

Após os atentados de 11 de setembro, o governo de George W. Bush transformou parte da base em uma prisão para suspeitos de terrorismo. Desde então, Guantánamo se tornou alvo de intensos debates políticos, especialmente devido às denúncias de tortura e abusos contra detentos.

Hoje, apenas 15 prisioneiros permanecem no local, incluindo Khalid Sheikh Mohammed, apontado como mentor dos ataques de 2001.

Os planos de Trump e as reações

Segundo Trump, a transferência dos imigrantes presos para Guantánamo faz parte de um esforço para proteger a segurança nacional. Ele afirmou que a medida se aplica a estrangeiros que cometeram crimes graves nos Estados Unidos e que não podem ser deportados para seus países de origem.

“Alguns deles são tão perigosos que não confiamos que seus países os manterão presos. Não queremos que eles voltem, então vamos mandá-los para Guantánamo”, declarou o presidente.

A proposta gerou reações imediatas. A Casa Branca informou que a infraestrutura da base será ampliada para comportar os novos detidos, mas especialistas alertam para os desafios legais e humanitários dessa decisão. O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, classificou a iniciativa como “um ato de brutalidade”.

Impacto e desafios da medida

A decisão de Trump marca uma mudança significativa na utilização da base de Guantánamo e pode enfrentar obstáculos jurídicos. Advogados de direitos humanos e membros do Congresso já sinalizaram que podem contestar a medida na Justiça.

Atualmente, a Agência de Imigração e Alfândega (ICE) tem capacidade para deter cerca de 41 mil imigrantes, distribuídos entre centros de detenção e prisões locais. A transferência para Guantánamo ampliaria significativamente esse número, levantando dúvidas sobre a legalidade e viabilidade da operação.

Embora o governo Trump ainda não tenha divulgado um cronograma para as transferências, a expectativa é que a medida gere intensos debates no Congresso e entre organizações internacionais.