O domingo amanheceu sombrio em diversas cidades do sul do Brasil. Os velórios de oito vítimas de um trágico acidente com um balão de ar quente em Praia Grande, Santa Catarina, começaram a ser realizados, marcando a profunda tristeza deixada pela tragédia ocorrida no sábado (21).
Velórios das Vítimas: Uma Dor Compartilhada
O acidente, que resultou em oito mortes e 13 sobreviventes, abalou o país. Familiares e amigos se despediram de entes queridos em cerimônias fúnebres em diferentes cidades de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entre as vítimas estavam um casal, uma mãe e filha, um patinador artístico renomado e um oftalmologista. A dor da perda se estendeu por várias comunidades, unidas pelo luto compartilhado.
Em Joinville (SC), o casal Everaldo da Rocha (53 anos) e Janaína Moreira Soares da Rocha (46 anos) foi velado a partir das 9h30 no Cemitério Parque Jardim das Flores. O casal realizava o passeio de balão com seus filhos, que sobreviveram ao acidente. Em Carlos Gomes (RS), o velório de Juliane Jacinta Sawicki (36 anos), engenheira agrônoma, aconteceu na manhã de domingo. Seu namorado, o bancário Fabio Luiz Izycki (42 anos), também vítima fatal, teve os detalhes de seu velório ainda não divulgados.
Em Indaial (SC), o corpo de Leandro Luzzi (33 anos), respeitado patinador artístico, diretor técnico da Federação Catarinense de Patinação Artística e fundador de uma escola na cidade de Brusque, foi velado a partir das 6h. Luzzi, que também atuava como técnico da seleção brasileira, estava acompanhado do namorado no passeio, que sobreviveu. O sepultamento ocorreu ainda no domingo às 17h. Na mesma linha de dor, em Concórdia (SC), aconteceram os velórios de Leane Elizabeth Herrmann (70 anos) e sua filha, Leise Herrmann Parizotto (37 anos), médica em Blumenau (SC). Ambas participavam do passeio com outros familiares.
Finalmente, em Fraiburgo (SC), o velório do oftalmologista Andrei Gabriel de Melo (34 anos) ocorreu na Câmara Municipal, com sepultamento previsto para segunda-feira (23).
Investigação em Andamento: Buscando Respostas
Paralelamente à comoção causada pelos velórios, as investigações sobre as causas da tragédia seguem em ritmo acelerado. De acordo com relatos dos sobreviventes à polícia, o incêndio teve início por uma falha no maçarico auxiliar do balão, utilizado para acionar o sistema principal de aquecimento. Segundo o delegado-geral de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, um extintor de incêndio a bordo também falhou, agravando a situação.
Após o início do incêndio, o piloto Elvis de Bem Crescêncio, segundo os relatos, conseguiu baixar o balão próximo ao solo e ordenou que todos saltassem. Ele também deixou a aeronave. Entretanto, com a redução repentina de peso, o balão voltou a subir rapidamente, impedindo que as oito vítimas fatais pudessem desembarcar com segurança. Em seguida, o balão foi totalmente tomado pelas chamas antes de cair de uma altura superior a 40 metros.
A Sobrevoar Serviços Turísticos, empresa responsável pelo passeio, emitiu uma nota expressando condolências às famílias das vítimas e oferecendo total apoio. A empresa declarou o cumprimento das normas da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e destacou a experiência do piloto, que teria tentado salvar todos a bordo. Além disso, a Sobrevoar suspendeu suas atividades por tempo indeterminado em respeito às vítimas e à comunidade.
Reações Oficiais e Investigações
O governador em exercício de Santa Catarina, desembargador Francisco Oliveira Neto, decretou luto oficial de três dias. O governador Jorginho Mello, que estava em viagem à China, expressou sua consternação com o ocorrido. Da mesma forma, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também lamentou profundamente a tragédia por meio de nota oficial e redes sociais, oferecendo apoio aos familiares e às autoridades. A ANAC anunciou que está investigando o acidente, e o Ministério do Turismo pretende realizar reunião com autoridades e entidades ligadas ao balonismo turístico para aprimorar a regulamentação da atividade.
Em conclusão, a tragédia de Praia Grande deixou uma profunda marca de luto no sul do Brasil. Enquanto as famílias se despedem de seus entes queridos, as investigações seguem em busca de respostas para evitar novas tragédias, reforçando a necessidade de revisão das normas de segurança e fiscalização no setor de balonismo turístico.