Inovação genética transforma a triagem
Pesquisadores do Instituto de Pesquisa do Câncer de Londres e do Royal Marsden NHS Foundation Trust desenvolveram um novo teste de saliva que promete revolucionar o diagnóstico do câncer de próstata. O estudo, chamado BARCODE 1, mostrou que esse método é mais eficiente do que o tradicional exame de sangue PSA.
Ao contrário do PSA, que analisa proteínas no sangue, o novo teste examina o DNA presente na saliva para identificar variações genéticas associadas ao câncer. Com esses dados, os cientistas calculam um escore de risco poligênico que estima a probabilidade de o paciente desenvolver a doença.
A professora Ros Eeles, responsável pelo estudo, afirma que esse tipo de análise genética permite detectar o câncer mais cedo e com maior precisão, o que aumenta consideravelmente as chances de cura.
Teste genético oferece mais resultados do que o PSA
O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens no Brasil, ficando atrás apenas do câncer de pele. Apesar de amplamente utilizado, o exame de PSA pode gerar resultados imprecisos porque os níveis da proteína também aumentam em outras condições, como inflamações.
Por outro lado, o novo teste de saliva identificou câncer em 40% dos participantes com maior risco genético, superando os 25% de detecção com o PSA. Além disso, o exame localizou tumores em 63,1% dos homens com PSA considerado normal. Esse resultado demonstra o potencial do teste para encontrar casos que passariam despercebidos pela triagem tradicional.
Enquanto o PSA detecta tipos agressivos em apenas 35,5% dos casos positivos, o teste de saliva reconheceu 55,1% desses tumores mais perigosos. Com isso, o novo método consegue apontar os casos mais urgentes e evita atrasos no tratamento.
Estudo acompanhou mais de seis mil homens
Os pesquisadores recrutaram 6.142 homens europeus, com idades entre 55 e 69 anos. Essa faixa etária tem maior incidência da doença. Eles analisaram o DNA dos participantes com base em 130 variações genéticas relacionadas ao câncer de próstata.
A equipe selecionou os 10% com maior escore genético e convidou esses homens para exames complementares, como ressonância magnética e biópsia. Desse grupo, 187 foram diagnosticados com câncer.
Em 125 casos, os pesquisadores confirmaram o diagnóstico mesmo quando a ressonância não apontava nenhuma anormalidade. Isso demonstra que o teste genético oferece mais precisão do que os métodos atuais de imagem.
Caminho aberto para diagnósticos mais personalizados
Com os resultados positivos, os cientistas enxergam o teste de saliva como uma ferramenta promissora para integrar os protocolos de rastreamento da doença. Ele pode beneficiar especialmente os homens com histórico familiar ou sintomas iniciais.
O professor Kristian Helin, diretor do Instituto de Pesquisa do Câncer, destacou que a nova triagem genética reduz procedimentos invasivos e pode evitar tratamentos desnecessários. Além disso, o teste favorece o diagnóstico de casos que exigem maior atenção clínica.
Enquanto isso, a equipe já desenvolve uma versão atualizada do exame, que considera as características genéticas de homens com ascendência africana e asiática. Um novo estudo com essa versão está em andamento e pode ampliar ainda mais o alcance do teste.
Conclusão: mais precisão e menos intervenções
O teste de saliva representa um marco no avanço da medicina preventiva. Ele oferece diagnósticos mais precoces, reduz o número de biópsias invasivas e melhora o cuidado com a saúde masculina. Por isso, especialistas acreditam que esse novo método pode redefinir a forma como o mundo enfrenta o câncer de próstata.