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Terra Yanomami registra avanços na luta contra o garimpo ilegal e a fome

Iniciativas do governo e entidades reduziram 91% do garimpo e 68% das mortes por desnutrição, mas desafios continuam na maior reserva indígena do Brasil
Yanomami
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Redução significativa do garimpo e fortalecimento da fiscalização

Nos últimos dois anos, a Terra Indígena Yanomami, localizada entre o Amazonas e Roraima, tem sido palco de ações intensivas para combater o garimpo ilegal e enfrentar a crise humanitária. Segundo o governo federal, essas iniciativas reduziram 91% das atividades garimpeiras e 95,76% da abertura de novos espaços de exploração ilegal, que contaminavam rios e prejudicavam a saúde das comunidades.

Em 2024, mais de 3 mil operações conjuntas foram realizadas, envolvendo forças de segurança e civis. Essas ações desarticularam 410 acampamentos ilegais, destruíram 50 pistas de pouso clandestinas e resultaram na apreensão de 30 quilos de ouro. Um radar instalado no território agora monitora voos em baixa altitude, aumentando a eficiência na identificação de atividades criminosas.

“O objetivo é dificultar o funcionamento dessas atividades ao ponto de se tornarem inviáveis economicamente”, explicou Nilton Tubino, chefe da Casa de Governo na TI Yanomami.

Ações de saúde trazem esperança para a população

Paralelamente, medidas emergenciais de saúde impactaram positivamente as 376 comunidades indígenas, que abrigam cerca de 33 mil pessoas. A entrega de 114 mil cestas de alimentos e a liberação de R$ 1,7 bilhão em créditos extraordinários ajudaram a reduzir a desnutrição em 68% no primeiro semestre de 2024, em comparação ao mesmo período de 2023.

O número de óbitos gerais caiu 27%, passando de 213 em 2023 para 155 em 2024. Houve também quedas significativas nas mortes por infecções respiratórias (-53%) e malária (-35%). O aumento de 73% no número de exames de malária permitiu diagnósticos mais precisos e tratamentos eficazes.

Segundo o presidente do Conselho Distrital de Saúde Yanomami e Ye’Kwana, Junior Yanomami, a melhoria nas condições de saúde é visível: “A água está mais limpa, e o controle dos invasores melhorou consideravelmente.”

Desafios permanecem, mas futuro é promissor

Apesar dos avanços, os desafios ainda são significativos. A coordenadora do Conselho Indigenista Missionário, Gilmara Fernandes, alertou que atividades criminosas continuam bem estruturadas e exigem ações permanentes.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou que, embora o território não esteja 100% restaurado, a expectativa é que ele esteja completamente livre de invasores até o final do atual governo. “Estamos confiantes no progresso contínuo e na restauração desse território”, afirmou.

Conclusão: uma luta constante pela preservação

O esforço conjunto de governo, entidades civis e comunidades indígenas demonstra que, com políticas consistentes, é possível promover avanços significativos na proteção de territórios indígenas e na melhoria da qualidade de vida das populações tradicionais.