O tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira negou, na última segunda-feira (28), ter recebido uma sacola contendo dinheiro de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. Este montante, segundo as investigações, seria destinado ao financiamento de um suposto plano golpista, negado veementemente pelo militar durante seu depoimento.
Acusações e Defesa do Tenente-Coronel
Rafael Martins de Oliveira, um dos réus do chamado núcleo 3 da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), foi interrogado por videoconferência. O juiz Rafael Tamai, magistrado auxiliar do ministro relator do caso, conduziu a oitiva. Conforme se sabe, Oliveira permanece detido desde o ano passado. De acordo com as apurações, o militar está entre os acusados de envolvimento nas ações do denominado “Punhal Verde-Amarelo”. Este plano golpista, conforme a Polícia Federal (PF), visava à eliminação de diversas autoridades em 2022, incluindo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Adicionalmente, o depoimento de delação de Mauro Cid indicou que o general Braga Netto, também réu na trama golpista, teria entregue a sacola com dinheiro ao ex-ajudante de Bolsonaro. Posteriormente, Cid, com a sacola em mãos, teria repassado o pacote a Oliveira. O dinheiro, segundo a delação, seria utilizado para financiar a conspiração golpista, embora Cid não tenha especificado o valor exato que estaria na sacola. Entretanto, durante seu depoimento, o tenente-coronel refutou ter recebido a sacola e contestou a versão do ex-ajudante de ordens.
“Toda essa narrativa sobre dinheiro se apoia em um único alicerce: a palavra do coronel delator”, declarou Oliveira, segundo fontes próximas ao processo. Ele acrescentou ainda: “Ele é quem assegura ter obtido uma sacola de vinho lacrada, da qual não viu o conteúdo, apenas presumiu que continha dinheiro”. Vale ressaltar que, no mês anterior, Braga Netto também negou ter repassado qualquer quantia em dinheiro a Cid. Por outro lado, no decorrer do interrogatório, Rafael Martins optou por não responder às perguntas formuladas pela acusação, representada pela PGR, nem às do juiz auxiliar. Consequentemente, ele limitou-se a responder apenas aos questionamentos de sua própria defesa. Em virtude de sua condição de réus, os acusados têm o direito de permanecer em silêncio durante o interrogatório. Anteriormente, antes do início da oitiva, o militar precisou retirar a farda, uma medida determinada pelo ministro Alexandre de Moraes.
O Contexto dos Interrogatórios no STF
Simultaneamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) interroga um grupo de nove militares do Exército e um policial federal que fazem parte do núcleo 3 da denúncia apresentada pela PGR. Grande parte desses militares integrava o Batalhão de Forças Especiais do Exército, cujos soldados são popularmente conhecidos como “kids pretos”. Além disso, os denunciados neste núcleo são acusados de planejar “ações táticas” específicas para concretizar o plano golpista. Entre essas ações, conforme as investigações, estaria o monitoramento de figuras proeminentes como Alexandre de Moraes e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os réus que foram ou serão interrogados neste processo incluem: o coronel Bernardo Romão Correa Netto; o general Estevam Theophilo; o coronel Fabrício Moreira de Bastos; o tenente-coronel Hélio Ferreira; o coronel Márcio Nunes de Resende Júnior; o tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira; o tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo; o tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior; o tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros; e o policial federal Wladimir Matos Soares. Portanto, a série de interrogatórios continua a revelar detalhes cruciais sobre a suposta trama golpista.



