Edição Brasília

Tenente-coronel é denunciado por invasão e constrangimento no Rio

MPRJ denuncia tenente-coronel por invasão e constrangimento ilegal em prédio de luxo no Rio. Militar coordenou ação sem mandado e cometeu abusos.
Invasão constrangimento tenente-coronel Rio
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentou, nesta quinta-feira (3), uma denúncia formal contra o tenente-coronel Ivan Souza Blaz Júnior, da Polícia Militar, acusando-o de constrangimento ilegal e invasão de domicílio. O caso em questão ocorreu em janeiro deste ano, em um edifício residencial de alto padrão situado na zona sul da cidade, e gerou grande repercussão devido à forma como a ação foi conduzida.

MPRJ Pede Afastamento do Tenente-Coronel

Além da denúncia pelos crimes de invasão e constrangimento, o Grupo de Atuação Especial em Segurança Pública (Gaesp) do MPRJ solicitou formalmente a suspensão do exercício da função pública por parte do tenente-coronel Blaz. A medida visa afastar o militar de suas atividades enquanto o caso é investigado e julgado, garantindo a imparcialidade do processo.

Operação Controvertida em Prédio Residencial

De acordo com a denúncia apresentada pelo MPRJ, o tenente-coronel Blaz coordenou pessoalmente uma operação policial baseada em uma denúncia anônima. A informação indicava que o narcotraficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como Peixão, estaria visitando seu pai em um dos apartamentos do edifício de luxo. Na época dos fatos, Blaz ocupava o cargo de comandante do 2º Batalhão da PM, em Botafogo.

Entretanto, mesmo sem possuir um mandado judicial que autorizasse a entrada no imóvel, e sem a existência de indícios concretos de flagrante delito, o tenente-coronel Blaz autorizou a operação e determinou o ingresso forçado de policiais militares no apartamento. Essa decisão é central para a acusação de invasão de domicílio, uma vez que a lei exige autorização judicial prévia para a entrada em uma residência, salvo em situações excepcionais.

Detalhes da Ação Levantam Questionamentos

A forma como a operação foi conduzida também é alvo de críticas e faz parte da denúncia do MPRJ. Segundo relatos, Blaz participou ativamente da ação, trajando bermuda e com uma camisa amarrada na cabeça. Além disso, ele portava uma lata de cerveja e, utilizando uma pistola, rendeu o porteiro e dois moradores do prédio, apreendendo seus telefones celulares. Essa conduta é considerada abusiva e configura o crime de constrangimento ilegal, já que as vítimas foram impedidas de exercer sua liberdade de ir e vir sem justificativa legal.

Histórico do Militar e Situação Atual

Antes de assumir o comando do batalhão de Botafogo, o tenente-coronel Blaz exerceu a função de porta-voz da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Atualmente, ele está lotado na Diretoria-Geral de Pessoal, uma posição que, na prática, o deixa sem função específica dentro da instituição. O afastamento do comando e a subsequente alocação na Diretoria-Geral de Pessoal indicam que a corporação já havia tomado medidas internas em relação ao caso, antes mesmo da denúncia do MPRJ.

Tramitação do Processo e Aguardo por Posicionamento da PM

O processo judicial contra o tenente-coronel Ivan Souza Blaz Júnior tramita na Auditoria da Justiça Militar da corporação. A expectativa é que a PM se manifeste em breve, esclarecendo as medidas que estão sendo tomadas em relação ao caso e reafirmando seu compromisso com a legalidade e a transparência.

Em conclusão, a denúncia contra o tenente-coronel Blaz levanta sérias questões sobre os limites da atuação policial e a necessidade de respeito aos direitos e garantias individuais. O desfecho do caso será acompanhado de perto pela sociedade, que espera uma apuração rigorosa e a responsabilização dos envolvidos, caso as acusações sejam comprovadas.