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TCU pede à Câmara para investigar gastos de Eduardo Bolsonaro nos EUA

TCU recomenda à Câmara dos Deputados que investigue indícios de uso indevido de recursos públicos por Eduardo Bolsonaro em sua estadia nos Estados Unidos.
Eduardo Bolsonaro gastos EUA
Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Em uma recente determinação, o Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou formalmente à Câmara dos Deputados que promova uma investigação aprofundada sobre indícios de utilização indevida de verbas públicas, direta ou indiretamente, pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O órgão fiscalizador identificou sinais de irregularidade na permanência do parlamentar em território norte-americano, buscando esclarecer se os custos associados a essa viagem foram subsidiados por dinheiro público. Adicionalmente, o TCU exigiu que a Câmara encaminhe os resultados da apuração, bem como as providências tomadas em decorrência das conclusões.

Recomendação do TCU e Contexto da Análise

A decisão do TCU é uma resposta a uma representação formal apresentada pelo deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP). Por unanimidade, os membros do Tribunal de Contas da União concluíram que o julgamento de possíveis infrações não se enquadra na esfera de competência do órgão. Argumentou-se que tal ação poderia ferir o devido processo legal e o princípio da separação dos Poderes. No entanto, mesmo sem a competência para julgar a questão diretamente, o TCU optou por encaminhar a denúncia à Câmara dos Deputados, salientando, além disso, a necessidade de investigação por parte do Ministério Público Federal (MPF). Embora a decisão tenha sido tomada na semana anterior, sua divulgação oficial ocorreu apenas na última sexta-feira, dia 8.

Acusações de Atentado à Soberania Nacional

Na representação original, o deputado Guilherme Boulos apresentou a tese de que Eduardo Bolsonaro teria cometido um crime ao promover articulações políticas que, segundo ele, seriam contrárias à soberania nacional brasileira. Conforme a argumentação de Boulos, estabelecer negociações com governos ou grupos estrangeiros com a intenção de incitar ações hostis contra o Brasil constitui um delito tipificado pelo Código Penal como crime de atentado à soberania. Essa infração legal prevê, em sua penalidade, penas de reclusão que variam de três a oito anos.

Ausências Não Justificadas e Limites de Apuração Financeira

Paralelamente às acusações de uso indevido de verbas, o parecer do TCU também abordou a questão das ausências do deputado Eduardo Bolsonaro em sessões parlamentares. O documento revelou que, das cinco faltas registradas em março, apenas uma foi devidamente justificada pelo parlamentar. Naquele período, Eduardo Bolsonaro já se encontrava nos Estados Unidos, mas ainda não havia solicitado formalmente a licença parlamentar de 122 dias. Entretanto, o TCU delegou à própria Câmara a responsabilidade de averiguar essa situação específica. Isso porque o montante correspondente à ausência de desconto pelas quatro faltas não justificadas não atingiu o valor de R$ 120 mil, que é o limite mínimo estipulado para que o próprio Tribunal de Contas da União inicie uma investigação sobre prejuízos aos cofres públicos. Consequentemente, a apuração sobre essa questão recai sobre a Casa Legislativa.

É importante ressaltar que, apesar do pedido inicial de Boulos ao TCU para investigar a responsabilidade penal de Eduardo Bolsonaro, o plenário do Tribunal indeferiu a solicitação. A recusa foi baseada na falta de competência do órgão para determinar ou julgar o cometimento de crimes. Dessa forma, a responsabilidade de investigar e, eventualmente, punir condutas criminais permanece com as instâncias judiciais apropriadas.

Inquérito do STF e Ocorrências Anteriores

Caso a Câmara dos Deputados opte por dar prosseguimento à apuração deste caso, essa representará a segunda investigação em curso contra o deputado federal. Já em julho, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), havia prorrogado um inquérito que já investiga a viagem de Eduardo Bolsonaro aos Estados Unidos. Este inquérito, em particular, busca apurar se a estadia do deputado no exterior configurou um meio de articulação contra autoridades brasileiras. Essa situação pré-existente adiciona uma camada de complexidade ao cenário jurídico e político envolvendo o parlamentar, evidenciando uma sequência de questionamentos sobre suas ações e condutas no cenário internacional.

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