Avanço na saúde pública brasileira
O Sistema Único de Saúde (SUS) iniciou a transição do tradicional exame papanicolau para um novo teste molecular de DNA-HPV. A substituição busca tornar mais eficaz o rastreamento do câncer de colo de útero, doença que ainda afeta milhares de brasileiras todos os anos.
A mudança segue uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e deve ser concluída em até 180 dias. O novo exame detecta o vírus do papiloma humano com maior precisão e até dez anos antes das lesões se tornarem visíveis. Por isso, o diagnóstico precoce se torna mais acessível, aumentando as chances de tratamento e cura.
Tecnologia para salvar vidas
A técnica de DNA-HPV representa um avanço importante no diagnóstico precoce. Estudos indicam que o novo método reduz significativamente a mortalidade, porque identifica o risco antes que a doença evolua.
“A tecnologia de DNA é mais eficaz que o papanicolau para a prevenção do câncer de colo de útero”, afirma a ginecologista Sálua Calil, da Rede Mater Dei de Saúde. Além disso, segundo ela, a periodicidade e a qualidade da detecção aumentam a segurança do rastreamento.
Profissionais prontos para a mudança
A transição será gradual e segue diretrizes divulgadas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca). Enquanto o processo avança, profissionais de enfermagem já capacitados para o papanicolau poderão realizar a coleta do novo exame, com um breve treinamento.
“O procedimento é semelhante, então os enfermeiros conseguirão se adaptar com facilidade”, explica Gabriela Giacomini, representante do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen). Assim, o atendimento à população não será interrompido durante a mudança.
Intervalo maior entre exames
O teste de DNA-HPV permite ampliar o intervalo entre os exames. Para mulheres sem diagnóstico do vírus, o intervalo passará de três para cinco anos, mantendo a faixa etária recomendada entre 25 e 49 anos.
O exame também identifica os subtipos mais perigosos do HPV, como os tipos 16 e 18. Esses vírus são responsáveis por cerca de 70% das lesões pré-cancerosas. Quando detectados, a paciente será encaminhada diretamente à colposcopia, exame que amplia a visão do colo do útero e aumenta a precisão do diagnóstico.
HPV e o impacto na saúde feminina
O HPV é o principal causador do câncer de colo de útero, que é o terceiro tipo mais frequente entre mulheres no Brasil. Mas o vírus também está relacionado a outros tipos de câncer, como os de pênis, ânus e faringe.
Dados recentes indicam que 54,4% das mulheres sexualmente ativas já tiveram contato com o vírus. Entre os homens, o número chega a 41,6%. Ter o HPV não significa estar doente, mas indica um fator de risco que exige atenção.
Prevenção com vacina e rastreamento
A vacinação contra o HPV continua sendo uma das formas mais eficazes de prevenção. Então, integrar o novo teste à imunização pode acelerar o plano da OMS de erradicar o câncer de colo de útero até 2030.
Em 2024, o Ministério da Saúde passou a recomendar uma dose única da vacina. A mudança pretende ampliar a cobertura vacinal e fortalecer a proteção contra o vírus.
A vacina está disponível no SUS para meninas de 9 a 14 anos, adolescentes vítimas de abuso, pessoas com HIV, pacientes oncológicos, transplantados e imunossuprimidos com idades entre 9 e 45 anos.
Com isso, o Brasil dá um passo decisivo para garantir mais saúde, segurança e esperança às mulheres brasileiras.