O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu suspender o pagamento retroativo de auxílio-alimentação a juízes, alegando que não há previsão legal para essa indenização antes de 2011. A decisão visa evitar abusos salariais no Judiciário e impedir a concessão de benefícios que extrapolem o teto constitucional.
Pagamento retroativo suspenso
A decisão foi tomada após um magistrado solicitar o pagamento de R$ 25.789 referentes ao período de 2007 a 2011, alegando que promotores do Ministério Público receberam o auxílio antes dos juízes. O ministro, porém, reconheceu o recurso da União e entendeu que não cabe o pagamento retroativo, pois a norma do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) passou a autorizar o benefício apenas a partir de 2011.
“A mera interpretação da Constituição não pode levar a infinitas demandas por isonomia entre carreiras jurídicas”, argumentou Dino em sua decisão.
A medida reforça o entendimento do STF de que não se pode criar benefícios financeiros sem base legal clara e impede que o pagamento retroativo seja utilizado para inflar vencimentos de magistrados.
Supersalários no Judiciário
O ministro destacou que há múltiplos pagamentos extras dentro da magistratura, como compensações por acervo processual e indenizações diversas. Isso dificulta a definição do teto salarial e permite que magistrados ultrapassem o limite constitucional de remuneração.
🔎 Fatores que contribuem para supersalários:
✔️ Pagamentos por isonomia entre carreiras
✔️ Indenizações e benefícios adicionais
✔️ Retroatividade de auxílios e vantagens
Dino ressaltou que essa situação gera distorções e precisa ser controlada. Em sua decisão, citou casos recentes de “auxílio-alimentação natalino”, uma prática que elevava ainda mais os ganhos dos magistrados.
Posicionamento do STF
A decisão do ministro segue o entendimento da Súmula Vinculante nº 37, do próprio STF, que proíbe o Judiciário de aumentar vencimentos de servidores com base apenas no princípio da isonomia.
Além disso, a decisão fortalece o esforço do governo e do próprio Supremo para limitar os supersalários. Recentemente, levantamentos apontaram que 125 juízes receberam mais de R$ 500 mil em um único mês, gerando críticas sobre a falta de controle nos gastos públicos.
Impacto da decisão
Com a suspensão do pagamento retroativo, o governo evita um efeito cascata que poderia gerar bilhões em despesas extras. Caso o pedido fosse aceito, outros magistrados poderiam recorrer à Justiça, aumentando os custos para os cofres públicos.
A medida também reforça a necessidade de transparência e previsibilidade no sistema de remuneração do Judiciário, garantindo que os benefícios concedidos sigam critérios claros e objetivos.