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STF retoma julgamento sobre responsabilização de redes sociais por conteúdos ilegais

Placar atual é de 2 votos a 0 pela responsabilização; julgamento analisa impacto no Marco Civil da Internet.
Superior Tribunal Federal
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

Continuidade do julgamento no STF

Nesta quarta-feira (18), o Supremo Tribunal Federal (STF) dá sequência ao julgamento que discute a responsabilização civil de redes sociais pelos conteúdos ilegais publicados por seus usuários. Até o momento, dois ministros, Dias Toffoli e Luiz Fux, votaram a favor de responsabilizar as plataformas por não retirarem conteúdos prejudiciais após notificação extrajudicial.

O julgamento, iniciado em 27 de novembro, está pautado em seis sessões consecutivas. O presidente da Corte, ministro Luís Roberto Barroso, apresentará hoje seu voto sobre o tema.

Debate sobre o Marco Civil da Internet

A questão central do julgamento é a constitucionalidade do Artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014). Esse artigo determina que as plataformas digitais só podem ser responsabilizadas por conteúdos de terceiros caso descumpram uma ordem judicial para remoção.

Ministros favoráveis à mudança argumentam que a responsabilização deve ocorrer após notificação extrajudicial, sem a necessidade de uma decisão judicial prévia. Para eles, a alteração é crucial para combater conteúdos ilegais, como mensagens de ódio, racismo, incitação à violência e ataques à democracia.

Se a interpretação defendida por Toffoli e Fux prevalecer, as redes sociais precisarão agir rapidamente após notificações feitas diretamente pelas pessoas prejudicadas. Isso pode acelerar a retirada de conteúdos danosos e ampliar a proteção a direitos fundamentais.

Impactos e argumentos das plataformas

Representantes das redes sociais manifestaram preocupação com o possível resultado do julgamento. Eles argumentaram que já realizam a remoção de conteúdos ilegais de forma extrajudicial, mas alertaram que a exigência de monitoramento prévio pode configurar censura e dificultar a liberdade de expressão.

As empresas afirmaram que o atual modelo, baseado no cumprimento de ordens judiciais, equilibra a liberdade de expressão e o combate a abusos. Além disso, destacaram que a alteração pode trazer insegurança jurídica e aumentar os custos operacionais das plataformas.

Julgamento deve se estender até 2025

Com nove votos ainda pendentes, o julgamento pode não ser concluído antes do recesso do STF, que começa em 20 de dezembro. Nesse caso, a análise será retomada no início de 2025, com expectativa de discussões prolongadas, devido à complexidade do tema.

O desfecho deste julgamento terá implicações significativas para o uso da internet no Brasil, afetando tanto o comportamento das plataformas quanto a dinâmica entre liberdade de expressão e proteção de direitos.