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STF retoma julgamento sobre responsabilidade de redes sociais por conteúdos ilegais

Ministros analisam a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet e a responsabilidade das plataformas digitais sobre publicações ilícitas.
Frente STF
Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Debate Sobre a Responsabilidade das Redes

O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (4) o julgamento que discute a responsabilidade das redes sociais por conteúdos ilegais postados por usuários. A análise foca no artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), que define os direitos e deveres no uso da internet no Brasil.

De acordo com o artigo, as plataformas só podem ser responsabilizadas se não retirarem conteúdos após ordem judicial. O objetivo da norma é garantir a liberdade de expressão e evitar censura prévia.

O julgamento começou na semana passada, mas ainda não há placar formado. O ministro Dias Toffoli, relator de um dos processos, conclui a leitura de seu voto na sessão de hoje, com mais dez ministros ainda a se manifestar.

Os Argumentos em Jogo

Durante as discussões, representantes das redes sociais defenderam a manutenção da regra atual. Segundo eles, a retirada de conteúdos sem ordem judicial poderia configurar censura e prejudicar a liberdade de expressão. Além disso, as plataformas afirmaram que já removem conteúdos ilícitos de forma extrajudicial.

Por outro lado, ministros como Alexandre de Moraes e Dias Toffoli indicaram posicionamento favorável à imposição de regras mais rígidas para a remoção de conteúdos. Para Moraes, os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 evidenciaram a falência do sistema de autorregulação das plataformas digitais.

Dias Toffoli destacou que o Marco Civil da Internet acabou gerando uma espécie de imunidade para as empresas de tecnologia, o que precisa ser revisado para proteger os direitos dos usuários e coibir abusos.

O Que Está em Análise

O plenário do STF analisa quatro processos relacionados à aplicação do artigo 19:

  1. Responsabilidade das Plataformas
    Relatado por Dias Toffoli, o caso avalia a validade da exigência de ordem judicial prévia para responsabilizar plataformas por atos ilícitos, como no caso do Facebook, condenado por danos morais devido a um perfil falso.
  2. Fiscalização Prévia de Conteúdo
    Sob relatoria do ministro Luiz Fux, o STF discute se provedores devem fiscalizar e remover conteúdos ofensivos sem intervenção judicial, em recurso movido pelo Google.
  3. Bloqueio de Aplicativos
    O caso relatado por Edson Fachin trata da legalidade de suspender aplicativos de mensagens como o WhatsApp por descumprimento de ordens judiciais.
  4. Suspensão de Serviços
    O último processo analisa a possibilidade de interromper o funcionamento de plataformas que não cumpram decisões judiciais em investigações criminais.

Impacto do Julgamento

A decisão do STF terá impacto significativo no funcionamento das redes sociais no Brasil e poderá estabelecer novas balizas para o combate a conteúdos ilegais. A discussão busca equilibrar a liberdade de expressão, a responsabilidade das plataformas e a proteção de direitos fundamentais.