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STF: Moraes torna réus 10 acusados de trama golpista

STF torna réus 10 acusados de trama golpista bolsonarista. Ministro Alexandre de Moraes aceitou denúncia da PGR, apontando indícios de organização criminosa para golpe de Estado, enquanto outros dois militares foram inocentados.
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Foto: Antonio Augusto/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta terça-feira (20) tornar réus dez acusados de participação na trama golpista que se desenvolveu durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esta decisão, proferida durante o julgamento da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), configura um passo significativo na investigação de um suposto plano para a subversão da ordem democrática.

Dez Réus na Trama Golpista

A denúncia da PGR acusava nove militares do Exército e um policial federal de envolvimento em crimes graves, incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado. Uma parcela desses militares estava ligada às forças especiais do Exército, grupo conhecido como “kids-pretos”. A decisão de Moraes, relator do caso, configura a aceitação da denúncia apresentada pela PGR, baseada em indícios robustos de organização criminosa com objetivo golpista.

Entretanto, a decisão do ministro não atingiu todos os denunciados. Moraes rejeitou as acusações contra o tenente-coronel Cleverson Ney Magalhães, ex-assessor do general Estevam Theofhilo, e o general Nilton Diniz Rodrigues, ex-assessor do ex-comandante do Exército Freire Gomes. Segundo o ministro, a falta de provas suficientes para comprovar a autoria dos crimes levou à absolvição desses dois militares. O julgamento prossegue na Primeira Turma do STF, aguardando os votos dos ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e, novamente, Flávio Dino, para uma decisão final sobre o caso.

Evidências Apresentadas pelo Ministro Moraes

Em seu voto, o ministro Moraes destacou a existência de indícios que comprovam a mobilização dos réus em prol da tentativa golpista. Ele mencionou a realização de reuniões entre os “kids-pretos” para a elaboração de estratégias e a pressão sobre os comandantes das Forças Armadas com o intuito de adesão à trama. Segundo Moraes, contrariando as alegações das defesas, estas reuniões não eram meros encontros informais, mas sim ações planejadas para minar a democracia. Usando suas próprias palavras, “Não era uma reunião de amigos como foi dito, conversa de bar, jogar conversa fora. Na verdade, era para jogar a democracia fora”.

Além disso, Moraes também citou uma reunião entre o general Estevam Theophilo, chefe de operações terrestres do Exército e um dos réus, e o então presidente Bolsonaro, ocorrida no final de 2022, dois dias após o general Freire Gomes, então comandante do Exército, se recusar a participar da trama golpista. O ministro considerou essa reunião incomum e fora do protocolo, afirmando que “quem se reúne com o presidente é o comandante do Exército. É o comandante da força que se reúne com o presidente”. Para Moraes, esta ação demonstra uma tentativa de cooptação do general por parte de Bolsonaro para obter seu apoio ao golpe.

Os Acusados Torna-se Réus

Os dez acusados que agora se tornaram réus são: Bernardo Romão Correa Netto (coronel); Estevam Theophilo (general); Fabrício Moreira de Bastos (coronel); Hélio Ferreira (tenente-coronel); Márcio Nunes de Resende Júnior (coronel); Rafael Martins de Oliveira (tenente-coronel); Rodrigo Bezerra de Azevedo (tenente-coronel); Ronald Ferreira de Araújo Júnior (tenente-coronel); Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros (tenente-coronel); e Wladimir Matos Soares (policial federal).

Em conclusão, a decisão do ministro Alexandre de Moraes representa um avanço significativo na investigação da trama golpista. A aceitação da denúncia da PGR, com a consequente pronúncia dos dez réus, configura um passo importante na busca por justiça e na responsabilização dos envolvidos em atos que ameaçaram a ordem democrática brasileira. A continuação do julgamento na Primeira Turma do STF aguarda o posicionamento dos demais ministros, determinando a sentença final sobre o caso.