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STF encerra caso do golpe; Bolsonaro, Torres e Ramagem terão penas definitivas

O STF encerrou nesta segunda (24) o processo da trama golpista contra Bolsonaro, Torres e Ramagem, tornando suas penas definitivas após não apresentarem novos recursos.
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Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agênci

O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou definitivamente o processo da suposta trama golpista que envolvia o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem. A decisão, tomada nesta segunda-feira (24), consolida as condenações, visto que os três réus não apresentaram novos recursos dentro do prazo estipulado, abrindo caminho para a execução imediata das penas.

Contextualização do Julgamento

A fase final do processo no STF chegou após a Primeira Turma da Corte rejeitar, por unanimidade, o primeiro recurso de Bolsonaro e de outros seis réus do Núcleo 1 da trama em 14 de novembro. Naquela ocasião, as condenações já haviam sido confirmadas. Posteriormente, o prazo para a apresentação dos segundos embargos de declaração se encerrou nesta segunda-feira (24), sem que Bolsonaro, Torres e Ramagem interpusessem novos recursos. Portanto, o trânsito em julgado do processo foi formalmente reconhecido, o que significa que não cabe mais recurso e a decisão se torna final. Em seguida, o próximo passo processual será a efetiva execução das sanções impostas.

Desdobramentos da Sentença para Jair Bolsonaro

Para Jair Bolsonaro, o encerramento do processo traz mudanças significativas em sua situação penal. Ele já estava sob prisão preventiva desde o último sábado (22), quando foi preso preventivamente por tentar violar a tornozeleira eletrônica. Antes disso, o ex-presidente cumpria prisão domiciliar desde 4 de agosto, uma medida decretada no âmbito de um inquérito distinto que investiga o suposto “tarifaço” dos Estados Unidos contra as exportações brasileiras. Durante a audiência de custódia, Bolsonaro admitiu ter utilizado um ferro de solda para danificar o equipamento, justificando a ação como um “surto” provocado pelo uso de medicamentos. Com a declaração do trânsito em julgado, entretanto, sua prisão deixa de ser preventiva para se tornar definitiva. Dessa forma, ele deverá cumprir a pena de 27 anos e três meses de reclusão pela trama golpista.

Além disso, o local de custódia de Bolsonaro também poderá ser alterado. Atualmente, ele permanece em uma sala na superintendência da Polícia Federal (PF), em Brasília. Se a pena for executada, há a possibilidade de o ex-presidente ser transferido para uma ala do presídio da Papuda. Contudo, diante do estado de saúde de Bolsonaro, sua defesa pode apresentar um pedido para que ele seja mantido na superintendência da PF ou, alternativamente, retorne à prisão domiciliar.

Situação de Anderson Torres

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, também teve sua pena pela trama golpista confirmada. Condenado a 24 anos de prisão, Torres atualmente recorre da sentença em liberdade, sob monitoramento de tornozeleira eletrônica. Ele havia solicitado ao Supremo, ontem, a permanência na Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília, caso houvesse alteração em seu regime de prisão. Essa solicitação visa garantir um local de cumprimento de pena que, segundo a defesa, oferece condições específicas.

Caso de Alexandre Ramagem

O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro, enfrenta uma situação igualmente grave. Ele foi condenado na ação penal da trama golpista a 16 anos de prisão e, assim como Torres, vinha recorrendo em liberdade. No entanto, Alexandre de Moraes, ministro do STF, decretou a prisão do parlamentar na semana passada. Essa decisão ocorreu após o site PlatôBR noticiar, na última quarta-feira (19), que Ramagem havia fugido para Miami, nos Estados Unidos, levantando preocupações sobre sua intenção de se eximir da justiça.

Conclusão do Processo e Implicações

O encerramento do processo no STF marca um ponto final em uma das mais emblemáticas investigações da justiça brasileira. As penas de Jair Bolsonaro, Anderson Torres e Alexandre Ramagem agora são definitivas, resultando na execução de suas respectivas condenações. Essa decisão reforça a atuação do Poder Judiciário na apuração e julgamento de casos de grande repercussão nacional, estabelecendo precedentes importantes para a responsabilização de agentes públicos. Portanto, os próximos dias serão cruciais para definir os detalhes do cumprimento das sanções para cada um dos envolvidos, conforme determinado pela mais alta corte do país.