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STF: Dino libera R$ 19 milhões a indígenas de Belo Monte

O ministro Flávio Dino, do STF, determinou nesta terça (2) a liberação de R$ 19 milhões a indígenas de Belo Monte, no Pará, para reforçar o Bolsa Família.
Flávio Dino indígenas Belo Monte
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

O ministro Flávio Dino, integrante do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira, 2 de abril, a liberação de um montante de R$ 19 milhões destinado às comunidades indígenas impactadas pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, localizada no estado do Pará. Este valor, conforme a decisão, deverá ser integralmente utilizado para reforçar e ampliar os benefícios concedidos aos povos indígenas por meio do programa social Bolsa Família, crucial para a subsistência dessas populações.

Detalhes da Liberação de Verbas e a Decisão do STF

A determinação de Dino insere-se em um processo judicial mais amplo, no qual o ministro já havia estabelecido anteriormente que os povos indígenas deveriam, por direito, participar dos lucros gerados pela operação da usina. Portanto, esta recente decisão representa um passo concreto na materialização desse reconhecimento.

Em sua análise, Flávio Dino enfatizou a relevância da quantia liberada, afirmando que se trata de um valor “imprescindível para a dignidade das comunidades indígenas atingidas pela usina de Belo Monte, especialmente na Volta Grande do Xingu”. Desse modo, a medida visa diretamente amenizar os impactos socioeconômicos enfrentados por essas populações.

Ademais, é importante destacar que o montante de R$ 19 milhões já se encontra depositado em uma conta específica. Essencialmente, esses recursos são provenientes dos repasses mensais realizados pela Norte Energia, empresa responsável pela hidrelétrica, efetuados entre os meses de março e outubro do ano corrente. Assim sendo, a liberação agora autorizada garantirá que o dinheiro chegue rapidamente aos seus beneficiários.

Histórico e Fundamentação do Reconhecimento de Direitos Indígenas

O reconhecimento do direito dos indígenas à participação nos lucros da Usina de Belo Monte não é recente. De fato, em março deste ano, o ministro Flávio Dino já havia proferido uma decisão nesse sentido, acatando uma ação protocolada pela Associação Yudjá Miratu da Volta Grande do Xingu. Consequentemente, a ação da associação foi um marco para a reivindicação desses direitos.

Naquela ocasião, a entidade argumentou perante o STF que o Congresso Nacional se encontrava em omissão legislativa. Isto é, o parlamento não havia aprovado a regulamentação necessária dos dispositivos constitucionais que asseguram às comunidades a participação no resultado da exploração de recursos hídricos e riquezas minerais presentes em suas terras. Portanto, a decisão de Dino buscou suprir essa lacuna e garantir a efetividade dos direitos.

Por conseguinte, as comunidades indígenas afetadas, incluindo os povos das terras Paquiçamba, Arara da Volta Grande do Xingu e Trincheira Bacajá, relataram uma série de problemas significativos decorrentes da construção e operação da usina de Belo Monte. Esses relatos foram cruciais para fundamentar a ação judicial e demonstrar a urgência da situação.

Impactos da Usina nas Comunidades e no Meio Ambiente

A construção e operação da Usina Hidrelétrica de Belo Monte trouxeram consigo diversos problemas ambientais e sociais que afetaram diretamente o modo de vida das comunidades indígenas na região. Entre os desafios mais prementes listados pelas comunidades, destacam-se a drástica diminuição da vazão do Rio Xingu, o que, por sua vez, prejudicou gravemente a pesca e a navegabilidade, atividades essenciais para a sobrevivência e cultura local.

Além disso, foram observados episódios de mortandade de peixes, alterações na turbidez e potabilidade da água, tornando-a imprópria para consumo em muitos casos. Analogamente, houve uma notável diminuição da caça, impactando diretamente a segurança alimentar e as práticas tradicionais desses povos. Em suma, a degradação ambiental gerou um cenário desafiador.

Conforme apontado pelo ministro Dino, a usina iniciou suas operações em 2015. Desde então, ela agravou consideravelmente as condições de vida e o modo de subsistência dos indígenas na região, justificando a necessidade de medidas compensatórias e a garantia de seus direitos constitucionais. Por fim, a liberação dos R$ 19 milhões busca mitigar parte desses severos impactos.