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STF cita Eduardo Bolsonaro por edital em denúncia; ele está nos EUA

STF publicou edital de citação contra Eduardo Bolsonaro nesta terça (30) por denúncia de coação, após ministro Moraes afirmar que ele está nos EUA para fugir da responsabilização.
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Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) publicou nesta terça-feira (30) um edital de citação direcionado ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Esta medida surge no contexto de uma denúncia de coação apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e ocorre enquanto o parlamentar está nos Estados Unidos. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, havia anteriormente sugerido que a viagem de Bolsonaro ao exterior visa a fugir da responsabilização legal no Brasil, justificando a necessidade da citação por edital.

Convocação por Edital: Prazo e Consequências Legais

Com a emissão do edital no Diário de Justiça Eletrônico (DJe), Eduardo Bolsonaro agora possui um prazo de 15 dias para formalizar o conhecimento da denúncia. Caso ele não se manifeste dentro deste período estipulado, o processo pode prosseguir e o deputado poderá ser julgado à revelia pelo Supremo, implicando que a ausência de sua defesa não impedirá o andamento do julgamento. A praxe em processos penais exige a intimação pessoal do acusado; no entanto, em situações onde a localização não é confirmada ou há indícios de evasão, o edital serve como um último recurso legal para garantir a continuidade processual.

Posicionamento do Ministro Alexandre de Moraes

Anteriormente, o ministro Alexandre de Moraes, responsável pela relatoria da denúncia, determinou a notificação por edital, uma decisão que ressaltou a urgência do caso e a necessidade de garantir a efetividade da lei. Moraes afirmou que o próprio Eduardo Bolsonaro teria reconhecido, por meio de suas redes sociais, sua atuação junto a entidades nos Estados Unidos. Além disso, o ministro expressou que a presença do deputado em território estrangeiro seria uma estratégia deliberada para se esquivar das consequências legais no Brasil. “É inegável que ele se encontra em território estrangeiro para se furtar à aplicação da lei penal, e sua ciência das condutas imputadas na denúncia é inequívoca”, destacou Moraes em sua deliberação, reforçando a base para a medida adotada.

Entenda as Acusações de Coação Contra o Deputado

Conforme a denúncia, Eduardo Bolsonaro é acusado de incentivar sanções comerciais do governo dos Estados Unidos, liderado pelo então presidente Donald Trump, contra exportações brasileiras. Ademais, ele teria promovido a aplicação da Lei Magnitsky, um dispositivo legal americano que permite sanções a indivíduos estrangeiros por violações de direitos humanos ou corrupção, e a suspensão de vistos de ministros do STF e de outros integrantes do governo federal. Essas ações configuram o cerne da acusação de coação no curso do processo, pois buscariam exercer pressão indevida sobre instituições e autoridades brasileiras.

A Denúncia da Procuradoria-Geral da República e Seus Bastidores

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou a denúncia formal contra Eduardo Bolsonaro e o blogueiro Paulo Figueiredo na semana passada, ambos acusados do crime de coação no curso do processo. Os dois foram investigados dentro de um inquérito que apurou o envolvimento deles na promoção de tarifas elevadas dos Estados Unidos contra o Brasil, bem como de sanções direcionadas contra membros do governo federal e do Supremo Tribunal Federal. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, enfatizou na denúncia que Eduardo e Figueiredo teriam colaborado para articular “graves sanções” com o objetivo de pressionar o STF a não condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro em decorrência da trama golpista. Portanto, as ações seriam parte de um esforço maior para influenciar decisões judiciais.

Diante deste cenário, a notificação por edital marca um ponto crucial no processo legal contra o deputado. O cumprimento do prazo de 15 dias será decisivo para os próximos passos, determinando se Eduardo Bolsonaro apresentará sua defesa ou enfrentará um julgamento à revelia, com repercussões significativas para sua situação jurídica e política no país.