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STF: Barroso e Fux trocam farpas por relatoria de processo

Barroso e Fux trocaram farpas em sessão do STF nesta quinta (14) sobre a relatoria de processo que validou regras da Cide.
STF Barroso Fux farpas
Foto: Gustavo Moreno/STF

Uma acalorada discussão irrompeu na sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira (14), envolvendo os ministros Luís Roberto Barroso e Luiz Fux. A controvérsia principal centrou-se na relatoria de um processo crucial que, recentemente, validou diretrizes para a Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). Este embate verbal público entre os magistrados trouxe à tona tensões processuais no âmbito da mais alta corte do país.

O Cerne da Divergência no STF

O incidente manifestou-se nos instantes finais da sessão plenária do STF. Luiz Fux, em um movimento de desagrado, solicitou a palavra com o intuito de registrar uma “irresignação” formal. Além disso, ele expressou abertamente seu descontentamento com o resultado final do julgamento. Este havia ocorrido na quarta-feira (13), um dia antes da discussão, e referendou as normas de incidência da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), especificamente para o setor de tecnologia. A raiz da discórdia, portanto, foi a não permanência de Fux na relatoria do caso, uma prerrogativa que, conforme seu entendimento, Barroso não lhe oportunizou.

As Alegações do Ministro Luiz Fux

Originalmente, o ministro Luiz Fux exercia a função de relator do processo em questão. No entanto, durante o transcorrer do julgamento, sua tese foi superada pelos votos da maioria, o que, em termos regimentais, o tornou “vencido”. Em conformidade com as diretrizes internas da Corte, quando o relator tem sua proposição vencida, a responsabilidade pela relatoria é transferida para o ministro cuja manifestação prevaleceu. Consequentemente, a função de relator foi então atribuída ao ministro Flávio Dino. Ainda assim, Fux argumentou veementemente que, apesar de ter sido vencido, sua divergência se restringia a uma porção mínima da tese final do julgamento. Por conseguinte, ele acreditava que deveria ter mantido a relatoria.

Publicamente, Fux criticou a postura de Barroso, afirmando que o presidente da Corte, Barroso, teria concedido a relatoria a Dino de forma imediata, sem reconhecer a especificidade de sua derrota parcial. Ele declarou que, na sua visão, essa ação “foi completamente dissonante do que de fato ocorreu no plenário”, insinuando uma falha na interpretação ou na condução do processo por parte da presidência.

A Resposta Contundente de Luís Roberto Barroso

Em contrapartida, Luís Roberto Barroso, presidente da sessão, agiu rapidamente para refutar as acusações de Fux. Barroso sustentou que, ao longo do julgamento, ele efetivamente questionou Fux sobre a possibilidade de readequar seu voto. Tal ajuste, naturalmente, permitiria que Fux permanecesse como relator do processo. Contudo, de acordo com Barroso, o próprio Fux recusou essa oferta. Ele teria justificado sua recusa alegando que alterar seu posicionamento seria um desrespeito aos colegas que o haviam acompanhado em seu voto original. “Vossa Excelência não está sendo fiel aos fatos,” declarou Barroso, acrescentando que Fux estava “criando uma situação que não existiu”, o que implica uma distorção dos eventos reais transcorridos na sessão.

O Encerramento da Sessão Após o Confronto

Após essa intensa troca de acusações e a discussão que expôs publicamente a tensão entre os dois ministros do Supremo, Luís Roberto Barroso, exercendo sua prerrogativa de presidente, declarou o encerramento da sessão plenária. Este episódio não apenas destaca as dinâmicas internas da Corte, mas também sublinha a complexidade dos debates processuais e a importância da interpretação do regimento interno em julgamentos de grande relevância, especialmente aqueles que impactam setores econômicos significativos.

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