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SRAG cai no país, mas níveis são altos; crianças e idosos os mais afetados

SRAG Brasil crianças idosos

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O Brasil registra uma queda nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) na maioria de suas regiões, conforme indica o mais recente boletim semanal InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nesta quinta-feira (17), no Rio de Janeiro. Entretanto, os níveis de incidência da doença ainda são considerados elevados em grande parte do território nacional. A análise epidemiológica também aponta que crianças pequenas e idosos são as faixas etárias mais afetadas, com destaque para a atuação do vírus sincicial respiratório (VSR) no público infantil e da Influenza A entre os mais velhos. Dados recentes revelam um total de 7.660 óbitos por SRAG no país desde o início de 2025.

Contexto da SRAG no Brasil

O estudo InfoGripe, coordenado pela Fiocruz, tem acompanhado de perto a dinâmica das infecções respiratórias graves em território brasileiro. Embora uma tendência de declínio seja observada na prevalência da SRAG, a pesquisadora Tatiana Portella, da equipe InfoGripe, alerta para a persistência de um quadro de alta incidência. Portanto, a vigilância e as medidas preventivas continuam sendo essenciais. De acordo com a especialista, a vacinação contra a gripe é uma ferramenta crucial para diminuir ainda mais a ocorrência de casos severos provocados pelos diversos tipos de vírus respiratórios circulantes.

Vírus Dominantes e Faixas Etárias

A investigação detalhada dos casos de SRAG revela padrões distintos de infecção em diferentes grupos populacionais. Por exemplo, em crianças pequenas, o VSR permanece como o principal agente etiológico associado à doença, seguido pelo rinovírus e, em menor proporção, pela Influenza A. Por outro lado, entre os idosos, a Influenza A é a causa predominante de hospitalizações e, lamentavelmente, de óbitos. É relevante notar que, embora o rinovírus supere a Influenza A em número de internações em crianças e adolescentes de 5 a 14 anos, o VSR continua sendo o responsável pela maioria dos casos graves na primeira infância.

Incidência Viral e Cenário Regional

Apesar dos sinais de estabilização ou redução em algumas áreas, os casos de SRAG ligados ao VSR ainda se mantêm em patamares elevados na maioria dos estados brasileiros. Contudo, algumas exceções são observadas: Piauí, Tocantins e Distrito Federal demonstram uma melhora na situação epidemiológica relativa a este vírus. Paralelamente, a mortalidade por SRAG mostra-se significativamente mais alta entre os idosos, especialmente em decorrência da Influenza A, que se consolida como a principal causa de hospitalizações e mortes nessa faixa etária.

Impacto e Mortalidade entre Idosos

Embora a tendência geral seja de redução dos casos, há indícios preocupantes de um novo aumento da SRAG em idosos em estados como Minas Gerais e Pará. No entanto, o vírus específico responsável por esse repique ainda não foi identificado. Adicionalmente, a incidência de SRAG associada à Influenza A em idosos persiste em níveis de moderado a alto em diversas unidades da federação. Isso inclui a maior parte dos estados da região Centro-Sul, com exceção de Goiás, Distrito Federal e Rio de Janeiro, além de algumas localidades do Norte (Amapá, Pará, Rondônia e Roraima) e do Nordeste (Alagoas, Sergipe, Maranhão e Paraíba).

Panorama Nacional e Alertas Estaduais

Nas últimas seis semanas, todas as 27 unidades da federação registraram uma tendência de queda ou estabilidade nos casos de SRAG. Apesar disso, a maioria dos estados ainda opera em níveis de alerta, risco ou alto risco para a doença. Destacam-se nesta situação os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia e Roraima na Região Norte; Alagoas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Sergipe no Nordeste; e Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul no Centro-Sul.

Focos de Aumento Localizado

Mesmo com a tendência de declínio geral, alguns estados apresentam particularidades. Por exemplo, Roraima é o único estado onde se observa um aumento nos casos de SRAG em crianças pequenas, atribuído ao VSR. Na Paraíba, por sua vez, há um aumento na incidência de SRAG em idosos, com a Influenza A como principal fator. Além disso, Alagoas demonstra sinais de um recrudescimento da SRAG em crianças, também associado ao VSR. Em Minas Gerais e no Pará, como mencionado anteriormente, surgem indícios de retomada ou início de crescimento de SRAG em idosos, embora o vírus causador permaneça desconhecido.

Um leve aumento nos casos de SRAG por Covid-19 foi observado entre idosos no Rio de Janeiro. No entanto, Portella esclarece que esse acréscimo ainda é incipiente e não impactou o total de hospitalizações. Posteriormente, a pesquisadora enfatiza a relevância da vacinação contra a Covid-19, especialmente para idosos e imunocomprometidos, que necessitam de doses de reforço a cada seis meses, visando manter baixos os índices de hospitalização e óbito em caso de uma nova onda da doença.

Dados Nacionais de Óbitos por SRAG

Até o momento, em 2025, o Brasil registrou um total de 7.660 óbitos decorrentes da SRAG. Desses, 4.112 (equivalente a 53,7%) foram confirmados como positivos para algum tipo de vírus respiratório. Por outro lado, 2.828 óbitos (36,9%) tiveram resultado negativo para vírus, e 154 casos (2%) ainda aguardam confirmação laboratorial, o que demonstra a complexidade na identificação etiológica em todos os casos.

Distribuição das Causas de Morte

A análise das causas virais dos óbitos por SRAG revela que a Influenza A foi o principal agente responsável, correspondendo a 54,7% das mortes confirmadas. Em segundo lugar, a Covid-19 foi associada a 23,3% dos óbitos. Subsequentemente, o VSR contribuiu com 10,7% das fatalidades, seguido de perto pelo rinovírus, com 10,2%. Finalmente, a Influenza B foi identificada em 1,7% dos casos. Esses dados reforçam a diversidade de patógenos respiratórios que circulam e a necessidade de vigilância constante e campanhas de imunização abrangentes para proteger a população.

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