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S&P mantém nota do Brasil: Estabilidade, mas alerta para reformas futuras

Nota de crédito Brasil S&P

Foto: José Cruz/Agência Brasil/Arquivo

A S&P Global Ratings, anteriormente conhecida como Standard & Poor’s, decidiu manter a nota de crédito do Brasil em dois níveis abaixo do grau de investimento. Apesar da perspectiva estável, a agência expressou preocupações com a situação fiscal do país, alertando para potenciais mudanças caso reformas essenciais não sejam implementadas após as eleições presidenciais de 2026.

Manutenção da Nota e Perspectiva Estável

A decisão da S&P, divulgada recentemente, reforça a classificação de crédito brasileira, sem mudanças imediatas previstas. Em outras palavras, a agência não pretende alterar a nota nos próximos meses. Este cenário de estabilidade, entretanto, não significa ausência de riscos. A S&P reconhece os desafios fiscais enfrentados pelo Brasil, principalmente o crescimento da dívida líquida do governo, impulsionado por déficits fiscais persistentes.

Ainda assim, a agência pondera que a desaceleração econômica, em um contexto de altas taxas de juros, deve contribuir para a redução do déficit em conta corrente. Essa melhora no saldo externo ameniza, em parte, as preocupações com as finanças públicas. Segundo a S&P, “Nossa perspectiva estável equilibra a fraqueza do perfil fiscal do Brasil com os pontos fortes de sua política externa e monetária”. As exportações de commodities, segundo o comunicado, desempenharão um papel crucial na diminuição da necessidade de financiamentos externos.

Riscos Fiscais e Necessidade de Reformas

Apesar do otimismo cauteloso, a S&P identificou fragilidades no atual arcabouço fiscal, implementado em 2023. A agência acredita que esse modelo apresenta dificuldades de sustentabilidade a longo prazo. Consequentemente, a implementação de reformas estruturais para reequilibrar as contas públicas se mostra crucial. No entanto, a agência prevê que tais reformas só serão efetivadas após as eleições de 2026.

Para a S&P, os principais entraves são a rigidez da estrutura de gastos, com grande parte do orçamento destinada a despesas obrigatórias, e as elevadas taxas de juros. Embora tenha mantido a perspectiva estável, a agência alertou que pode rever a nota de crédito brasileira nos próximos dois anos caso as reformas necessárias não sejam implementadas após 2026. Em comunicado, a S&P destacou que “políticas voltadas para a consolidação fiscal promoveriam um ambiente de taxas de juros mais baixas, contribuindo para o crescimento econômico”.

Histórico de Avaliação e Reações

É importante contextualizar a decisão da S&P. Em dezembro de 2023, a agência já havia elevado a nota do Brasil, reduzindo-a de três para dois níveis abaixo do grau de investimento. Essa foi a primeira melhora em doze anos. Em contraste, em 2018, a classificação brasileira estava três níveis abaixo do grau de investimento, demonstrando uma trajetória de recuperação, embora ainda distante do grau de investimento.

Além disso, outras agências também emitiram avaliações sobre a situação fiscal brasileira. Em julho de 2023, a Fitch Ratings elevou a nota do Brasil para dois níveis abaixo do grau de investimento, mantendo uma perspectiva estável. Por outro lado, em maio de 2025, a Moody’s reduziu a perspectiva da nota da dívida soberana brasileira de positiva para estável, eliminando a possibilidade de o país alcançar o grau de investimento até o fim do mandato presidencial atual.

O Ministério da Fazenda, até o momento, não se pronunciou oficialmente sobre a decisão da S&P. A ausência de comentários oficiais deixa em aberto as estratégias do governo para lidar com as preocupações levantadas pela agência de classificação de risco.

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