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Setembro Amarelo propõe reflexões sobre saúde mental

Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde

Agência Brasília* | Edição: Chico Neto

Saber a hora de pedir ajuda em caso de sofrimento mental é um passo importante para encontrar alívio e, dependendo da situação, até salvar vidas. Não saber lidar com a adversidade nada tem a ver com fraqueza, falha de caráter ou força de vontade. É esse o tom da campanha Setembro Amarelo deste ano.

Segundo a Diretoria de Serviços de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES), a pandemia de covid-19 foi um fator preponderante na procura por atendimento psicológico. No ano passado, foram registrados 215.362 procedimentos de atenção psicossocial classificados como ambulatoriais, atendimentos individuais, oficinas terapêuticas e acolhimento de pacientes. Nos seis primeiros meses deste ano, já foram 130.446 atendimentos – praticamente o mesmo número registrado ao longo de 2021, que somou 135.761.

Rede de Saúde Mental atua em frente ampla, oferecendo terapia coletiva e atividades multidisciplinares | Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde

O assunto de saúde mental é amplo e começa na promoção de hábitos que ajudam a manter o bem-estar, como a prática de exercícios físicos, a alimentação saudável e o respeito ao sofrimento diante de momentos difíceis da vida comuns a todas as pessoas, como luto, perdas e mudanças.

“Sentimentos bons e ruins são normais”, pontua a psiquiatra Ana Luísa Lamounier Costa, referência técnica distrital (RTD) na área. “Quando eles começam a interferir nas atividades do dia a dia, é hora de procurar ajuda”. Ela aponta ainda fatores genéticos, do desenvolvimento, familiares e sociais capazes de aumentar o risco de depressão e outros transtornos mentais, abrangendo desde reações agudas ao estresse até outros episódios mais sensíveis, como esquizofrenia e psicose.

Onde procurar ajuda?

São várias as portas de entrada para a Rede de Atenção Psicossocial no DF. Abertas à consulta de quem enfrenta sintomas considerados leves a moderados, as 175 unidades básicas de saúde (UBSs) oferecem atendimento de equipe multidisciplinar e participação em atividades coletivas, como yoga e terapia comunitária. 

Casos moderados a graves, inclusive para situações de uso e abuso de substâncias químicas, são encaminhados a uma das 18 unidades do Centro de Atenção Psicossocial (Caps). Todos possuem serviços de porta aberta, isto é, atendem quem chegar. Entre essas unidades, destacam-se os sete Caps AD, especializados em casos de uso e abuso de álcool e de outras drogas, e os quatro Capsi, voltados a crianças e adolescentes.

Em situações mais graves, como surtos e violência contra outras pessoas ou contra si mesmo, as 13 unidades de pronto atendimento (UPAs), o Hospital de Base (HBDF) e os hospitais regionais fazem o acolhimento dos pacientes. Em casos extremos, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) pode ser acionado, ou é possível buscar diretamente a emergência psiquiátrica no Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) ou no HBDF. O detalhamento da Rede de Atenção Psicossocial está disponível no site da SES.

Além das UBSs, Caps e emergências, existem ainda serviços ambulatoriais em policlínicas, unidades hospitalares, no Centro de Orientação Médico-Psicopedagógica (Compp), para crianças de até 11 anos, e no Adolescentro, para o público de 12 a 17 anos.

Atendimento integrado

Servidores da SES destacam que a Rede de Atenção Psicossocial possui equipes multiprofissionais e permite a integração com outros serviços. A psicóloga Paula Giraldelle, da Policlínica de Samambaia, lembra que, às vezes, até situações inicialmente identificadas como de saúde mental são encaminhadas para outro tipo de atendimento. “Muitas crianças que chegam com suspeita de déficit de atenção sofrem de dificuldade respiratória, então encaminhamos para avaliação do otorrinolaringologista – e acontece de não ser déficit de atenção, mas um mau sono provocado por dificuldade de respiração”, exemplifica.

O inverso também ocorre. Nas UPAs e nos hospitais, os profissionais são qualificados para identificar situações em que o paciente acredita estar com problemas cardíacos, por exemplo, mas não há indicativos de causas físicas. 

“Na crise de pânico, é muito comum o usuário ter certeza de que vai morrer, mas todos os parâmetros indicam que não é um quadro orgânico”, sinaliza o psicólogo Iuri Luz, do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Nesses casos, os profissionais acolhem o paciente e, após a estabilização, abordam sobre o encaminhamento para a Rede de Atenção Psicossocial.

O acesso ao atendimento especializado, com equipes multiprofissionais de saúde formadas por psicólogos, assistente sociais, terapeutas ocupacionais, médicos psiquiatras e profissionais da enfermagem, proporciona uma atenção integral que atua em todas as necessidades do usuário, possibilitando a melhora do quadro e o processo de reabilitação social.

Há ainda 18 unidades do Centro de Especialidade para Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual, Familiar e Doméstica (Cepav), onde mulheres são atendidas por equipes multidisciplinares.

Expansão

Frente ao aumento da procura pelo serviço,  a diretora de Serviços de Saúde Mental da SES, Fernanda Falcomer, lembra que há investimento constante na recomposição das equipes da Rede de Saúde Mental. “Essa é nossa prioridade”, afirma. Atualmente, são 316 psicólogos e 100 psiquiatras na ativa, além dos profissionais de outras carreiras.

As unidades também foram beneficiadas com serviços de restauração, a partir dos contratos de manutenção predial firmados em 2022. “Além disso, está prevista a construção de cinco novas unidades de Caps que vão ampliar a capacidade de atendimento e a cobertura da Rede de Saúde Mental do DF”, anuncia Fernanda.

*Com informações da Secretaria de Saúde do DF

Fonte: Agência Brasília – https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2023/09/02/setembro-amarelo-propoe-reflexoes-sobre-saude-mental/

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