O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, expressou forte descontentamento com a atual taxa Selic, fixada em 15%. Em suas declarações, o ministro enfatizou que essa taxa é “inadmissível” e representa um obstáculo significativo para o financiamento do Plano Safra, além de desestimular a poupança rural. A crítica foi feita durante um comentário sobre os resultados do Plano Safra 2025/2026, evidenciando a preocupação do governo com o impacto da política monetária no setor agrícola.
Críticas à Taxa Selic e Seus Efeitos na Economia
Fávaro questionou a pertinência da manutenção da Selic em patamares tão elevados, argumentando que o cenário econômico brasileiro atual não justifica tal taxa. Ele ressaltou que o país tem demonstrado crescimento constante, com inflação sob controle e indicadores positivos em relação à renda da população, desemprego e balança comercial. “Na minha avaliação, não sou economista, mas sou um cidadão que vive o dia a dia, e até como empresário, é inadmissível essa Selic a 15%”, afirmou Fávaro, durante entrevista ao programa Bom Dia, Ministro.
Ademais, o ministro expressou seu respeito ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e à diretoria da instituição, mas manifestou dificuldade em encontrar justificativas para a taxa Selic de 15%. Segundo ele, essa taxa dificulta a equalização do Plano Safra, que é crucial para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro.
Impacto na Poupança Rural e Financiamento do Setor Agrícola
Ainda durante a entrevista, Fávaro destacou que a Selic alta torna a poupança rural menos atrativa para os investidores. Ele explicou que, com a taxa de remuneração da poupança em torno de 6% ao ano, os investidores tendem a buscar alternativas mais rentáveis, prejudicando o financiamento do setor agrícola. “O fund (fundo), de onde vem boa parte do dinheiro, por exemplo, a poupança rural. A poupança remunera 6% ao ano. Então, as pessoas saem da poupança e o Brasil vira um país de rentista”, alertou o ministro.
Em outras palavras, a alta taxa Selic pode levar a uma migração de recursos da poupança rural para investimentos mais lucrativos, o que, consequentemente, reduz a disponibilidade de fundos para o Plano Safra. Essa situação, somada a um orçamento já restrito, torna ainda mais desafiador o financiamento adequado do setor agrícola.
A Relevância do Plano Safra em Cenário Desafiador
Apesar das dificuldades impostas pela conjuntura econômica, o ministro Fávaro enfatizou a importância de se conseguir implementar o Plano Safra. Ele ressaltou que, mesmo diante de um cenário de juros elevados e orçamento limitado, o governo está empenhado em garantir o apoio necessário ao setor agrícola. “Falta fund, o juro é caro, o orçamento está bastante restrito, bastante enxuto. Por isso, acho, foi muito relevante conseguir fazer um Plano Safra”, concluiu o ministro.
Portanto, as declarações do ministro da Agricultura refletem a preocupação do governo com os efeitos da política monetária no setor agrícola e a importância de se buscar alternativas para garantir o financiamento adequado do Plano Safra, visando o desenvolvimento sustentável do agronegócio brasileiro.