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Saúde amplia acesso à mamografia no SUS para mulheres a partir dos 40

O Ministério da Saúde amplia o acesso à mamografia no SUS, recomendando o exame a partir dos 40 anos e estendendo o rastreamento até os 74 para diagnóstico precoce do câncer de mama.
Mamografia SUS 40 anos
Foto: José Cruz/Agência Brasil

O Ministério da Saúde implementou uma significativa ampliação no acesso à mamografia via Sistema Único de Saúde (SUS), agora recomendando o exame para mulheres a partir dos 40 anos e estendendo a faixa etária para rastreamento ativo até os 74 anos. Essa iniciativa visa fortalecer o diagnóstico precoce do câncer de mama, uma vez que a detecção em fases iniciais aumenta consideravelmente as chances de cura. Anteriormente, a diretriz indicava o início do rastreamento a partir dos 50 anos, o que dificultava o acesso de mulheres mais jovens que não apresentavam sintomas específicos ou histórico familiar.

A nova recomendação estabelece que mulheres entre 40 e 49 anos podem realizar o exame sob demanda, mediante decisão conjunta com um profissional de saúde, mesmo sem manifestar sinais ou sintomas da doença. Esta faixa etária, segundo dados da pasta, concentra cerca de 23% dos casos de câncer de mama. Assim sendo, a mudança busca derrubar barreiras, já que, em anos anteriores, pacientes nessa idade enfrentavam obstáculos na rede pública sem critérios muito específicos.

Nesse sentido, o Ministério da Saúde informou que as mamografias realizadas pelo SUS em pacientes com menos de 50 anos já representam 30% do total. Este número, por sua vez, corresponde a mais de 1 milhão de exames apenas no ano de 2024, evidenciando a demanda e a importância da nova diretriz. Esta ampliação faz parte de um conjunto de ações estratégicas anunciadas recentemente, todas voltadas para aprimorar o diagnóstico e a assistência às mulheres brasileiras.

Ampliação do Rastreamento Ativo e Alinhamento Internacional

Adicionalmente, o Ministério da Saúde também expandiu a faixa etária para o rastreamento ativo, que consiste na solicitação preventiva de mamografias a cada dois anos. A idade limite, que antes era de 69 anos, foi estendida para 74 anos. Essa decisão se baseia em dados que revelam a concentração de quase 60% dos casos de câncer de mama entre mulheres de 50 e 74 anos, tornando o rastreamento nesse período crucial para a saúde pública.

A pasta reforçou que a ampliação do acesso à mamografia alinha o Brasil a práticas internacionais de sucesso, como as adotadas na Austrália, e reforça o compromisso governamental em garantir o diagnóstico precoce e o cuidado integral às mulheres. Em conclusão, o câncer de mama é a neoplasia mais comum e a principal causa de morte por câncer entre o público feminino, registrando aproximadamente 37 mil novos casos anualmente no país. Por exemplo, em 2024, o SUS realizou cerca de 4 milhões de mamografias de rastreamento e mais de 376,7 mil exames diagnósticos, números que se espera otimizar com as novas medidas.

Novas Unidades Móveis para Atendimento Especializado

Em seguida, o Ministério anunciou uma iniciativa importante para descentralizar e facilitar o acesso a serviços de saúde: a oferta de 27 carretas de saúde da mulher. Essas unidades móveis serão distribuídas em 22 estados, integradas ao programa “Agora Tem Especialistas”. O principal objetivo desta ação é expandir o acesso a consultas, exames e cirurgias, consequentemente, reduzindo o tempo de espera no SUS.

Os primeiros testes dessas unidades foram conduzidos em Goiânia. Posteriormente, no próximo mês, as carretas serão direcionadas a diferentes regiões do país. A expectativa é que, somente em outubro, essas unidades móveis consigam realizar até 120 mil atendimentos, com um investimento total de R$ 18 milhões para a execução da ação. As unidades móveis, além disso, oferecerão uma vasta gama de serviços para o diagnóstico precoce de câncer de mama e de colo do útero, incluindo mamografia, ultrassonografia, punção e biópsia de mama, colposcopia, bem como consultas médicas presenciais e por telemedicina.

Avanços em Biópsias e Tratamentos Medicamentosos

Da mesma forma, outra iniciativa fundamental visa aprimorar a precisão diagnóstica. O Ministério da Saúde informou a aquisição de 60 kits de biópsia, cada um composto por uma mesa de biópsia estereotática em decúbito ventral e um equipamento de raio-X especializado. Esses equipamentos utilizam tecnologia de imagem 2D e 3D, garantindo maior precisão nos diagnósticos e, por conseguinte, diminuindo a necessidade de repetição de procedimentos, o que beneficia tanto pacientes quanto o sistema de saúde.

Finalmente, a partir de outubro, o SUS passará a disponibilizar novos medicamentos modernos para o tratamento do câncer de mama. Especificamente, um desses medicamentos é o trastuzumabe entansina, indicado para mulheres que ainda apresentam sinais da doença mesmo após a fase inicial do tratamento com quimioterapia, antes da cirurgia. Além disso, um grupo de inibidores de ciclinas — abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe — também será oferecido. Esses medicamentos são recomendados para pacientes com câncer de mama avançado ou metastático, ou seja, quando a doença já se espalhou para outras partes do corpo, e que possuem receptor hormonal positivo e negativo. Dessa maneira, essas novas opções terapêuticas representam um avanço significativo no combate à doença no Brasil.