Edição Brasília

Salário de homens foi 15,8% maior que o de mulheres em 2023, diz IBGE

A diferença salarial entre homens e mulheres no Brasil foi de 15,8% em 2023, com remuneração média de R$ 3.993,26 para eles e R$ 3.449,00 para elas, aponta o IBGE.
desigualdade salarial Brasil 2023
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que, em 2023, os homens no Brasil auferiram um salário médio 15,8% superior ao das mulheres. Em outras palavras, a remuneração média para os trabalhadores do sexo masculino alcançou R$ 3.993,26, enquanto, por outro lado, as trabalhadoras receberam R$ 3.449,00, configurando assim uma diferença mensal de R$ 544,26.

A Persistência da Desigualdade Salarial

Esta disparidade, detalhada no levantamento “Estatísticas do Cadastro Central de Empresas” divulgado nesta quinta-feira (13) pelo IBGE, indica que o rendimento médio feminino representava apenas 86,4% do salário masculino. Entretanto, é importante notar que os dados mais recentes, referentes a 2023, mostram uma leve melhoria no panorama geral.

De fato, nos últimos dois anos analisados pela pesquisa, a diferença salarial entre gêneros tem diminuído progressivamente. Em 2022, por exemplo, os homens ganhavam um expressivo 17% a mais que as mulheres, o que demonstra uma redução do gap, ainda que a igualdade salarial permaneça distante e o desafio de equiparação persista no mercado de trabalho brasileiro.

Abrangência e Metodologia da Pesquisa do IBGE

Para compilar esses números e fornecer uma visão detalhada, o IBGE consolidou um vasto universo de informações provenientes de empresas e instituições com Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ). Isso significa que a análise incluiu não apenas empresas privadas, mas também órgãos da administração pública e entidades sem fins lucrativos, portanto, fornecendo uma visão abrangente do mercado de trabalho formal brasileiro.

O estudo identificou um total de 10 milhões de empresas e organizações formais ativas no Brasil, marcando uma expansão de 6,3% em comparação com o ano de 2022. Contudo, é relevante destacar que aproximadamente 7 milhões dessas entidades não possuíam pessoal assalariado.

No fim de 2023, estas empresas e organizações empregavam 66 milhões de pessoas, registrando assim um aumento de 5,1% em relação ao ano anterior. Desse contingente, por conseguinte, 79,8% (equivalente a 52,6 milhões de indivíduos) eram assalariados, enquanto os restantes 13,3 milhões atuavam como sócios e proprietários.

Adicionalmente, o salário médio geral em 2023 atingiu R$ 3.745,45, o que representa uma elevação de 2% em comparação com o ano de 2022. Entretanto, a metodologia do IBGE não se concentra em diferenças salariais para a mesma função específica, e sim na totalidade dos rendimentos pagos pelas empresas e organizações.

Participação e Remuneração por Gênero no Mercado de Trabalho

Apesar de as mulheres constituírem 45,5% dos assalariados no país, elas recebiam apenas 41,9% da massa salarial total. Por outro lado, os homens, que formavam 54,5% dos assalariados, acumulavam 58,1% do montante total de rendimentos. Esta disparidade numérica sublinha a distribuição desigual da riqueza gerada no mercado de trabalho formal, mesmo considerando a proporção de participação de cada gênero.

Distribuição Setorial de Homens e Mulheres

A análise das atividades econômicas pelo IBGE revela padrões distintos na distribuição de gênero. Por exemplo, quase um em cada cinco homens (19,4%) estava empregado na indústria de transformação. Em seguida, destacam-se os setores de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (18,8%), e a administração pública, defesa e seguridade social (13%).

No que concerne às mulheres, aproximadamente um quinto delas (19,9%) atuava na administração pública, defesa e seguridade social. Posteriormente, encontram-se os segmentos do comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (18,2%), assim como a saúde humana e serviços sociais (11,1%), demonstrando assim diferentes inclinações profissionais entre os gêneros.

Ao detalhar as atividades com maior predominância masculina, a construção civil se sobressai, com 87,4% dos assalariados sendo homens. Na sequência, figuram as indústrias extrativas (83,1%) e o transporte, armazenagem e correio (81,3%), indicando setores historicamente dominados pela força de trabalho masculina.

Em contraste, a atividade com maior participação feminina é a de saúde humana e serviços sociais, onde três de cada quatro trabalhadores (75%) são mulheres. Além disso, outras áreas com forte presença feminina incluem a educação (67,7%), atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (57,5%) e o setor de alojamento e alimentação (57,2%), evidenciando a concentração feminina em serviços e áreas do cuidado.

A Influência da Escolaridade nos Salários

O estudo do IBGE também explorou a relação entre nível de escolaridade e remuneração. Os dados indicam que 76,4% do pessoal ocupado assalariado não possuía nível superior, o que ressalta a importância da qualificação formal na estrutura do emprego.

Aqueles que detinham formação universitária recebiam, em média, um salário mensal de R$ 7.489,16. Este valor, notavelmente, representava o triplo do rendimento das pessoas sem nível superior, que era de R$ 2.587,52. Portanto, a educação superior emerge como um fator crucial para maiores rendimentos e progressão na carreira profissional.

A educação, por sua vez, era o ramo que mais empregava assalariados com ensino superior, com 65,5% de seus colaboradores possuindo diploma universitário. Em seguida, apareciam as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (59,9%) e os organismos internacionais (57,4%), setores que demandam alta qualificação.

Por outro lado, em setores como alojamento e alimentação, a maioria esmagadora (96,1%) dos assalariados não tinha ensino superior. Analogamente, na agropecuária, 93,8% dos trabalhadores também não haviam concluído uma faculdade, o que sugere que estes segmentos podem empregar uma força de trabalho com menor nível educacional formal.