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Rio: 74% de crianças e jovens ficam menos de 18 meses em abrigos

Censo do MPRJ divulgado nesta sexta (17) aponta que 74% das crianças e jovens em abrigos no Rio ficam menos de 18 meses, indicando queda no tempo de acolhimento.
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Foto: Rede Abrigo/Divulgação

Uma análise recente conduzida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) revela uma diminuição notável no período de permanência de crianças e adolescentes em instituições de acolhimento. O 35º Censo da População Infantojuvenil Acolhida no Estado do Rio de Janeiro, divulgado nesta sexta-feira (17), aponta que um expressivo percentual de 74% dos jovens acolhidos passa menos de 18 meses nessas unidades. Este dado representa um avanço significativo, uma vez que o índice era de 58% em dezembro de 2020, conforme o 26º Censo. Dessa forma, a pesquisa evidencia uma tendência positiva de redução gradual no tempo de institucionalização, reforçando o compromisso com a proteção infantojuvenil.

Evolução e Conformidade com o ECA

Desde o lançamento do primeiro levantamento, em 2008, o tempo de acolhimento infantojuvenil no estado tem apresentado uma queda substancial. Nesse contexto, Raquel Madruga, subcoordenadora da área não-infracional do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça da Infância e Juventude (CAO Infância e Juventude/MPRJ), ressalta a importância contínua e a relevância dessa progressão para as políticas públicas.

De fato, a redução no período de permanência é fundamental, pois, além de respeitar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) — que estabelece o limite máximo de 18 meses para o acolhimento —, ela alinha-se diretamente com o objetivo central das políticas públicas destinadas a este público. Ou seja, o intuito primordial é preservar a convivência familiar e comunitária. Consequentemente, essa diminuição indica que um número maior de crianças e adolescentes está sendo reintegrado às suas famílias de origem ou, alternativamente, encontrando novos lares por meio da adoção, um desfecho essencial para o desenvolvimento integral desses indivíduos.

Os Principais Desafios: Causas do Acolhimento

Apesar dos notáveis avanços na redução do tempo de acolhimento, a negligência familiar persiste, infelizmente, como o motivo preponderante para a institucionalização de crianças e adolescentes. Atualmente, no estado do Rio de Janeiro, um total de 184 serviços de atendimento acolhem 1.673 crianças e adolescentes, refletindo a complexidade social e as vulnerabilidades enfrentadas por essas famílias.

Ao analisar os dados, a negligência responde por 703 dos casos de acolhimento. Em seguida, o abandono por parte dos pais ou responsáveis representa 162 ocorrências. Além disso, abusos físicos e psicológicos somam 120 registros, enquanto a situação de rua é citada em 101 casos. Por fim, o abuso sexual ou a suspeita de abuso sexual contabilizam 73 denúncias, demonstrando a diversidade e a gravidade das vulnerabilidades que levam à necessidade de acolhimento.

A Importância das Políticas Preventivas e de Apoio

Neste cenário, Raquel Madruga enfatiza a necessidade de utilizar esses dados para aprimorar e direcionar as políticas públicas. É crucial desenvolver estratégias de prevenção ao acolhimento e, paralelamente, oferecer suporte robusto às famílias mais vulneráveis. Afinal, como ela pontua, o ambiente familiar é o local ideal para o desenvolvimento de uma criança e de um adolescente, e não uma instituição de acolhimento.

Portanto, o censo não apenas mapeia a situação atual, mas também serve como um guia essencial para que as autoridades possam intervir de maneira mais eficaz, garantindo que o direito à convivência familiar e comunitária seja efetivado. Em conclusão, os resultados reforçam o compromisso contínuo com a proteção infantojuvenil e a busca por soluções que fortaleçam os laços familiares e sociais, minimizando a necessidade de afastamento.