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Relatório do Fórum Econômico Mundial destaca desafios e oportunidades na “revolução da requalificação”

Estudo projeta criação de 170 milhões de empregos até 2030, mas alerta para a desigualdade socioeconômica como entrave à inclusão no mercado de trabalho global
Teletrabalho
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Projeções para o mercado de trabalho global

O Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, publicado pelo Fórum Econômico Mundial, apresenta perspectivas otimistas e desafios para o mercado de trabalho até 2030. O estudo aponta que tendências em tecnologia, economia, demografia e transição verde devem criar 170 milhões de novos empregos em todo o mundo. Contudo, 92 milhões de postos de trabalho poderão ser eliminados, gerando um saldo positivo de 78 milhões de vagas.

Entretanto, a distribuição desses novos empregos será desigual, beneficiando principalmente países que investirem em qualificação contínua e geração de riqueza econômica. Nações que não enfrentarem a alta desigualdade socioeconômica poderão ficar limitadas a criar vagas de menor valor agregado, como trabalhos manuais ou com menor remuneração.

Necessidade de políticas inclusivas

Para a consultora Thais Requito, especialista em futuro do trabalho, as desigualdades estruturais ainda são um grande obstáculo para a inclusão plena no mercado de trabalho global. “Ainda existem pessoas sem acesso ao mínimo necessário, que estarão disputando vagas no futuro. Precisamos pensar em políticas públicas que facilitem o acesso à educação e absorvam essa mão de obra”, avalia.

Uma das soluções debatidas internacionalmente é a implementação da renda básica universal, que pode garantir a subsistência de populações vulneráveis e promover dignidade para aqueles que enfrentam maior dificuldade em se reinserir no mercado de trabalho.

Impacto da tecnologia e geopolítica

Outro fator destacado no relatório é o impacto da tecnologia na substituição de atividades humanas por máquinas, o que aumenta a necessidade de requalificação profissional. Ao mesmo tempo, tensões geopolíticas, como conflitos armados e tendências nacionalistas, podem restringir a colaboração internacional e dificultar avanços econômicos globais.

“Essas mudanças econômicas, somadas ao fechamento de fronteiras e às políticas protecionistas, podem agravar as desigualdades no acesso às oportunidades de trabalho”, alerta Thais.

A importância das habilidades humanas

Apesar das incertezas, o relatório também reforça a relevância de habilidades humanas que permanecerão indispensáveis no mercado de trabalho. Competências como empatia, pensamento crítico, autorregulação e capacidade de influenciar pessoas serão fundamentais, independentemente das transformações tecnológicas.

“Carreiras deixarão de ser lineares, mas habilidades como curiosidade, capacidade analítica e autoconsciência garantirão que os trabalhadores continuem prosperando, mesmo em um mundo em constante mudança”, ressalta Thais Requito.

Transformações demográficas

O envelhecimento populacional é outro aspecto destacado no relatório, indicando a crescente demanda por profissionais da área de cuidados e saúde. As mudanças demográficas devem influenciar significativamente a oferta e a procura no mercado de trabalho, exigindo uma adaptação contínua.

Conclusão

O estudo, que analisou dados de 55 economias, incluindo o Brasil, conclui que as transformações no mercado de trabalho exigem investimentos robustos em educação, políticas inclusivas e requalificação contínua. O relatório completo, com cerca de 300 páginas, está disponível para consulta na internet.