O relatório da World Wide Fund for Nature (WWF), divulgado nesta quinta-feira (10), trouxe à tona dados preocupantes sobre a vida selvagem. Nos últimos 50 anos, a população média de espécies de vida selvagem no mundo caiu 73%. A América Latina e o Caribe foram as regiões mais afetadas, com um alarmante declínio de 95%. Essa redução, considerada catastrófica, requer ações imediatas para reverter essa tendência.
Contexto e Metodologia do Relatório
O relatório intitulado “Planeta Vivo” apresenta dados coletados desde 1970 e analisa 35 mil tendências populacionais de 5.495 espécies, abrangendo aves, mamíferos, anfíbios, répteis e peixes. O levantamento destaca a diminuição mais acentuada em ecossistemas de água doce, com uma queda de 85%, seguida pela perda de 69% em ecossistemas terrestres e 56% na vida marinha.
Mike Barrett, principal autor do relatório, alerta que a ação humana, especialmente a forma como produzimos e consumimos alimentos, é a principal responsável por essa crise. “Estamos perdendo habitat natural em um ritmo alarmante”, afirma Barrett.
A Gravidade do Declínio na América Latina
Na América Latina, a situação é ainda mais crítica. O relatório indica que essa região sofreu a maior perda de biodiversidade no mundo. Na África, o declínio foi de 76%, enquanto na região Ásia-Pacífico foi de 60%. Esses dados mostram um padrão preocupante que exige atenção imediata.
A WWF enfatiza que os próximos cinco anos serão cruciais para determinar o futuro da vida na Terra. “O que acontecer agora pode ser decisivo para a sobrevivência de muitas espécies”, alertou Kirsten Schuijt, diretora-geral da WWF Internacional.
Impacto nos Ecossistemas e na Humanidade
A degradação dos ecossistemas não afeta apenas a vida selvagem. Quando os habitats são comprometidos, as comunidades humanas também enfrentam consequências diretas. Os ecossistemas saudáveis fornecem ar limpo, água potável e solos férteis. A perda desses serviços naturais coloca a segurança alimentar e a saúde da população em risco.
A pesquisa indica que 85% da vida selvagem está próxima de atingir pontos de inflexão, onde mudanças irreversíveis podem ocorrer. Isso inclui a floresta amazônica, que está em perigo de perder sua capacidade de reter carbono, exacerbando as mudanças climáticas.
Exemplos Concretos de Declínio
O relatório cita exemplos específicos de espécies em declínio. Os botos cor-de-rosa da Amazônia enfrentaram uma diminuição de 60% devido à poluição e atividades como mineração. Na Austrália, as tartarugas-de-pente viram suas populações de fêmeas nidificantes caírem 57% nos últimos 28 anos.
Além disso, a caça ilegal e o comércio de marfim têm devastado populações de elefantes na África, enquanto as colônias de pinguins na Antártida enfrentam sérios desafios devido ao degelo das calotas polares.
A Necessidade de Ação Coletiva
Para reverter essa situação, a WWF propõe uma ação coletiva entre governos, organizações não governamentais e a sociedade civil. “Estamos em um ponto crítico e não há tempo a perder”, afirmou Barrett. O relatório conclui que a proteção da biodiversidade e a mitigação das mudanças climáticas são interdependentes.
O futuro da vida na Terra depende das escolhas que fazemos agora. “Precisamos agir rapidamente e de forma eficaz para salvar nosso planeta e suas ricas biodiversidades”, conclui a WWF.