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Ramagem nega espionagem em depoimento ao STF

**Ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, nega espionagem ilegal em depoimento ao STF nesta segunda. Ele afirmou que provará sua inocência nas acusações de uso da estrutura da agência para espionar adversários do ex-presidente Bolsonaro.**
Ramagem nega espionagem STF
Foto: Gustavo Moreno/STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou na segunda-feira o interrogatório de Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal pelo PL-RJ. Ramagem, segundo réu do núcleo 1 da investigação sobre a trama golpista ocorrida durante o governo de Jair Bolsonaro a ser ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, responde às acusações de ter utilizado a estrutura da Abin para espionar adversários do ex-presidente.

Ramagem Rebate Acusações de Espionagem

Logo no início do depoimento, Ramagem se defendeu veementemente das acusações. Em suas palavras, ele pretende demonstrar sua inocência ao longo do interrogatório. Segundo o deputado, “não há veracidade na imputação de crimes. Estamos aqui para demonstrar inocência”. Essa declaração inicial configura uma postura de defesa firme contra as alegações de espionagem ilegal.

A oitiva de Ramagem ocorre em um contexto de intenso debate sobre a conduta de diversos agentes públicos durante o governo Bolsonaro. Vale ressaltar que, anteriormente, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, confirmou que o ex-presidente estava ciente da existência da minuta do golpe destinada a reverter os resultados das eleições de 2022. Essa informação reforça a gravidade das investigações e o alcance das acusações que envolvem diversos atores políticos e militares.

Cronograma de Interrogatórios no STF

Além de Ramagem, outros importantes figuras do governo Bolsonaro serão interrogadas pelo ministro Alexandre de Moraes até a próxima sexta-feira, 13. O objetivo é esclarecer a participação de cada um dos réus no chamado “núcleo crucial” da trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022. Esse núcleo, segundo as investigações, teria atuado de forma articulada para subverter o processo democrático.

A sequência de depoimentos já iniciada com Mauro Cid, inclui, além de Ramagem, Almir Garnier (ex-comandante da Marinha), Anderson Torres (ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal), Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional), o próprio Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa) e Walter Braga Netto (general do Exército e ex-ministro de Bolsonaro). Cada um destes depoimentos é crucial para o entendimento completo da trama e das responsabilidades de cada um dos envolvidos.

Contexto Político e Judicial

As investigações sobre a trama golpista e os depoimentos no STF refletem um momento crucial na política brasileira. A apuração dos fatos é essencial para fortalecer a democracia e garantir que atos que ameacem as instituições sejam devidamente investigados e punidos. O depoimento de Ramagem, portanto, se insere em um contexto mais amplo de responsabilização de agentes públicos por suas ações durante o governo anterior. A sequência de interrogatórios promete trazer novas informações relevantes para a compreensão do caso.

Em conclusão, a oitiva de Alexandre Ramagem no STF representa mais um passo na investigação da trama golpista que visava a anulação das eleições de 2022. Apesar da sua negação de qualquer envolvimento ilícito, o contexto político e as declarações anteriores de outros envolvidos colocam sua defesa sob um escrutínio rigoroso. Os próximos dias serão decisivos para o desenvolvimento das investigações e a elucidação dos fatos. A expectativa é que o depoimento de Ramagem, juntamente com os demais, ajude a esclarecer as responsabilidades individuais dentro do esquema golpista investigado.