O Senado Federal decidiu suspender a votação do Projeto de Lei Complementar (PLP) 141/2024, que trata da exclusão de gastos com terceirizados dos limites de despesas com pessoal previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A decisão foi tomada após diversas críticas à proposta, que agora retorna à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para uma reavaliação mais aprofundada e possíveis ajustes. A medida visa garantir uma análise mais detalhada do impacto da proposta nas contas públicas.
Inicialmente, a votação do projeto estava agendada para a última quarta-feira (9) no plenário do Senado. Entretanto, um requerimento apresentado pelo relator, senador Efraim Filho (União-PB), solicitou o reexame da matéria na CAE. De acordo com o senador, a decisão foi motivada pela necessidade de aprimorar o texto e evitar possíveis interpretações que pudessem comprometer o controle fiscal.
Justificativas para o Reexame
Efraim Filho explicou que, caso a discussão tivesse prosseguido, seu parecer seria contrário à aprovação do projeto em sua forma atual. “Hoje, se avançássemos na discussão, meu parecer seria pela rejeição do projeto, seria pelo arquivamento do projeto. Nesse sentido, coloco como alternativa um requerimento regimental para reexame da CAE. Lá seria possível fazer a revisão do projeto”, afirmou o senador, evidenciando a necessidade de uma análise mais cuidadosa.
Entenda a Proposta
A proposta em questão, já aprovada anteriormente pela Câmara dos Deputados, busca definir em quais situações os valores de parcerias ou contratações firmadas pelo poder público não seriam considerados no cálculo dos limites de despesa com pessoal. Essencialmente, o projeto propõe que despesas com pessoal classificadas como repasses para entidades sem fins lucrativos ou pagamentos por serviços prestados por empresas, organizações sociais, cooperativas ou consórcios públicos fiquem isentas dos limites estabelecidos pela LRF.
É importante lembrar que a LRF estabelece limites de gastos com pessoal, fixados em 60% da receita corrente líquida para estados e municípios, e 50% para a União. Nesse contexto, a alteração proposta poderia ter um impacto significativo nas contas públicas, permitindo uma maior flexibilidade nos gastos com terceirização.
Impactos e Preocupações
Na prática, o projeto visa isentar dos limites da LRF os contratos de terceirização de mão de obra para prestação de serviços especializados que não configurem aluguel de mão de obra. Entretanto, essa definição ampla gerou preocupações entre alguns senadores, que temem a possibilidade de brechas para driblar a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Conforme expressou o senador Efraim Filho, “Excepcionalizar a despesa com pessoal, principalmente no texto que veio da Câmara, [que] é amplo, largo, abre uma avenida para dar um drible no texto da LRF. Então é muito complicado”. Essa preocupação reflete o temor de que a proposta possa abrir espaço para o aumento descontrolado de gastos com terceirização, comprometendo a saúde financeira dos entes federativos.
Diante desse cenário, a decisão de retornar o projeto para análise na CAE demonstra a cautela do Senado em relação a uma matéria que pode ter impactos significativos nas contas públicas. A reavaliação na comissão permitirá um debate mais aprofundado sobre os possíveis efeitos da proposta e a busca por um texto que equilibre a flexibilidade na gestão de pessoal com a responsabilidade fiscal.
Portanto, o futuro do PLP 141/2024 permanece incerto, e a expectativa é que a CAE promova um amplo debate para aperfeiçoar a proposta antes de submetê-la novamente à votação no plenário do Senado.